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Vazam novas mensagens de ex-assessor de Moraes

Mensagens recentemente obtidas pela Polícia Federal revelam que Eduardo Tagliaferro, ex-assessor do ministro Alexandre de Moraes, desconfiava que suas conversas com membros do gabinete do magistrado teriam sido expostas por canais ligados à Polícia Civil ou pela Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo. Em diálogos com sua esposa e outro interlocutor, ele considerava a possibilidade de um vazamento institucional.

As mensagens trazem também uma acusação ainda mais grave: a de que seu celular teria sido apreendido, em maio de 2023, com a intenção deliberada de destruir provas. Essa teoria, embora investigada, foi descartada no relatório final da Polícia Federal, que apontou o próprio Tagliaferro como o responsável pelo envio das mensagens à imprensa, as quais expunham a dinâmica interna do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) na produção de relatórios destinados à remoção de conteúdos nas redes sociais.

Durante seu período à frente da Assessoria Especial de Enfrentamento à Desinformação (AEED) do TSE — de agosto de 2022 a maio de 2023 — Tagliaferro elaborava relatórios que monitoravam críticas ao Judiciário, ao sistema eleitoral e ao ministro Moraes. Ele foi desligado de suas funções um dia após ser detido por conta de um episódio doméstico com sua ex-mulher, no qual sua arma de fogo foi disparada acidentalmente.

No mesmo dia de sua exoneração, o celular de Tagliaferro foi apreendido pela Polícia Civil em Caieiras (SP), mas só foi devolvido seis dias depois, fato que permanece sem justificativa clara. A delegada responsável pela ocorrência alegou que a apreensão não era necessária para a apuração do disparo. No entanto, a decisão de reter o aparelho partiu de uma delegacia de outra cidade, Franco da Rocha (SP), levantando suspeitas sobre a real motivação por trás da medida.

Em depoimentos, tanto o perito quanto sua defesa reiteram que o conteúdo das conversas pode ter sido acessado durante esse período em que o aparelho esteve sob custódia policial. Embora ele tenha negado o vazamento, Tagliaferro mencionou em interrogatório que o dispositivo passou por várias mãos, incluindo a dele, de um compadre e da própria Polícia Civil.

As mensagens recuperadas pela PF incluem conteúdos encaminhados por ele à esposa, nos quais sugere que está sendo alvo de uma orquestração. Um dos trechos cita o envio de oito viaturas da Polícia Militar a sua residência, após denúncia anônima de suicídio que se provou falsa. Ele afirma: “Quero colocar a Secretaria de Segurança Pública de SP em xeque”, e prossegue: “Ora a civil apreende irregularmente um celular… ora a militar disponibiliza 8 viaturas para um crime inexistente”.

A suspeita final lançada em tom retórico é contundente: “Seria a tentativa de, por todos os lados, queimar os arquivos de um celular e o arquivo vivo de tudo que acontecia lá??”.

Além disso, Tagliaferro compartilhou uma notícia que indicava o interesse da PF em apurar se houve acesso indevido ao conteúdo do celular por parte das autoridades estaduais. A Polícia Federal, no entanto, não encontrou provas suficientes para confirmar essa hipótese.

Esse material compõe parte do inquérito em curso no Supremo Tribunal Federal, no qual Tagliaferro figura como investigado.