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“Roleta russa”: Especialista alerta para riscos da prática

Além das consequências como ISTs e gravidez, jovens também há problemas emocionais

O relato da professora Andréa Vermont sobre uma festa entre adolescentes, onde uma aluna de 13 anos engravidou após participar da chamada “roleta russa do sexo”, causou indignação nas redes sociais. O caso ocorreu em uma escola particular com mensalidades acima de R$ 2 mil e levanta um alerta sobre a saúde e o bem-estar dos jovens.

A psicanalista, sexóloga e terapeuta de casais Dra. Virginia Pelles analisou o episódio em entrevista ao Pleno.News e afirmou que se trata de uma prática de “profunda incompreensão da saúde” e que reflete uma “falta de responsabilidade, um desrespeito consigo mesmo”. Segundo ela, trata-se de uma atividade sexual “totalmente desprotegida”, com risco elevado de infecções e gravidez precoce.

Além das questões físicas, Virginia destaca o impacto psicológico:

– Isso pode gerar um impacto na vida desses adolescentes a longo prazo, na sua saúde sexual e até na saúde mental, provavelmente com consequências nos relacionamentos, também traumas psicológicos.

Ela também aponta para a possibilidade de pressão social entre os participantes.

– Talvez uma pessoa não queria participar ativamente disso e acaba que, por uma pressão dos amigos, acaba participando.

A especialista chama atenção ainda para o papel da família e da escola.

– Como que esses pais estão acontecendo? E aí é muito forte quando a gente vai entender isso, que a gente precisa de uma educação sexual urgente – afirma.

Ela também alerta para a ausência de supervisão em uma festa com tantos adolescentes sozinhos.

– São adolescentes de 13 anos. Nessa faixa etária, quem não estava supervisionando? O que aconteceu? Que confiança é essa?”

Por fim, Virginia reforça a urgência de um movimento social em torno do tema.

– Estamos vivendo um grande dilema. Eles têm acesso a todas as informações com a inteligência artificial e com a tecnologia. Mas as informações são dadas por vários tipos de pessoas sem qualificação profissional.

Outro ponto citado por ela é como a fala dessa professora viralizou, isso pode gerar interesse para que outros adolescentes comecem a praticar isso, portanto, ela sugere uma reação da sociedade.

– A gente precisa, como sociedade, gerar algum movimento. Alguém tem que fazer alguma coisa, porque é uma situação muito preocupante e da forma que foi a público, infelizmente, isso vai incentivar outros jovens a fazer isso.

FIQUE ATENTO AO SEU FILHO E BUSQUE ESPECIALISTAS

Com filhos adolescentes, a Dra. Virginia também oferece um olhar atento sobre o cotidiano das famílias. Ela ressalta que muitos pais tentam acompanhar o que os filhos consomem ou vivenciam, mas nem sempre conseguem.

Ela cita que a escola funciona como um espelho da sociedade, onde os jovens enfrentam tensões como bullying, exclusão e disputas de poder.

– Eles passam grande parte do tempo ali, mas com uma série de tensões e problemas, incluindo bullying, que muitas vezes eles relatam pros pais e outras vezes não relatam.

Em casa, o cenário pode se repetir e os pais, mesmo com a rotina acelerada, devem participar da vida escolar para entender os sinais e buscar apoio quando notar alguma diferença em seu comportamento.

– Os pais, numa rotina acelerada e por filhos de tamanho, não participam de forma ativa na vida escolar (…) A família, quando vê sinais, tem que buscar essa ajuda profissional para salvar esse adolescente, porque ainda está em tempo.