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Raridade do mar: Conheça o único peixe brasileiro que respira ar e ‘vive’ fora d’água

Originário de água doce da América do Sul, o peixe piramboia intriga e encanta por sua capacidade única de respirar ar, podendo ficar meses fora d’água

O Lepidosiren paradoxa, mais conhecido como piramboia ou peixe-pulmão, é uma espécie extraordinária de peixe pertencente à ordem dos Lepidosireniformes. Originário de água doce da América do Sul, este animal intriga e encanta pela sua capacidade única de respirar ar.

Encontrado em regiões de águas lentas, como lagos, rios e pântanos, a piramboia é uma presença marcante na bacia amazônica, além de ser avistado no Peru, Colômbia e Venezuela.

Segundo o biólogo André Neto, uma das suas características mais distintivas é a habilidade de respirar tanto através das brânquias quanto do ar atmosférico, graças ao seu órgão respiratório adaptado chamado pseudobrânquia.

Esta adaptação permite que ela sobreviva em ambientes aquáticos como em baixos níveis de oxigênio. Estima-se que a piramboia consiga ficar por cerca de seis meses na superfície.

Comportamento peculiar da piramboia

Conforme o biólogo, a piramboia apresenta um corpo alongado recoberto por escamas finas, o que contribui para a sua capacidade de se camuflar facilmente no ambiente aquático.

Apesar de conseguir viver sem água por um tempo, a pele desses animais pode sofrer com a falta d’água e acabar ressecando. É por isso que eles se enterram na lama quando os locais onde costumam habitar, como lagoas marginais e brejos, secam.

Além disso, durante essa fase, as piramboias entram em um estado conhecido como “estivação”, permanecendo assim em baixa atividade metabólica.

Esse comportamento é uma estratégia de sobrevivência única, revelando a adaptação da piramboia a condições adversas.

Ciclo de vida do peixe

As piramboias, em sua maioria, adotam uma dieta carnívora, abrangendo uma ampla gama de itens, tais como peixes, crustáceos, moluscos bivalves (como mexilhões e ostras) e insetos.

Os jovens demonstram uma preferência por larvas de insetos aquáticos, mas à medida que amadurecem, expandem sua busca por recursos alimentares, incluindo algas e talos de vegetais terrestres.

Quanto à reprodução, o biólogo explica que a piramboia realiza a desova em ambientes alagados, depositando seus ovos em ninhos construídos no substrato.

Os filhotes, após a eclosão, já apresentam características semelhantes aos adultos, embora em tamanho reduzido.

O enigma da evolução

O biólogo André Neto salienta que pesquisadores têm direcionado pesquisas ao peixe, fascinados por suas adaptações únicas.

Ele pontua que o estudo dessa espécie desempenha um papel crucial no entendimento da evolução dos vertebrados, se destacando não apenas pela sua capacidade de respirar ar, mas também pela sua habilidade de sobreviver em condições ambientais desafiadoras.