A alta ou a queda do dólar é o tipo de notícia que está sempre nos jornais. Mas você quer saber por que acompanhar essa variação é tão importante para nossa economia? Então o post de hoje é para você, que busca entender porque falamos tanto sobre o valor da moeda norteamericana.
Como você deve saber, a economia do Brasil não é fechada. E acontecimentos do mundo inteiro influenciam ou são influenciados por ela. Tradicionalmente, o dólar é a moeda utilizada amplamente como referência de valor. E essa é a palavra chave: referência.
Ao falar em preço de dólar, na maioria das vezes, o que a gente está sendo apurado é a cotação de câmbio do real contra o dólar ou outras moedas do mundo. Isto é, de uma forma bem simples, a apuração de quantos reais são precisos para comprar um dólar ou uma outra moeda. Ou seja, seu preço serve como medida para que se chegue a uma noção do valor relativo do real em determinado momento.
E por que não outra moeda?
Os Estados Unidos, por serem durante muito tempo a maior economia do planeta, e terem grande influência na dinâmica financeira comercial mundial, ocuparam um papel histórico que colocou o dólar como uma importante reserva de valor. Países, empresas e pessoas confiam que a moeda norteamericana tem um valor relativamente estável ao longo do tempo e que é seguro manter suas economias em dólar. Assim criou-se a tradição, na maior parte dos países do mundo, de utilizar o dólar como moeda de referência.
Razões para a variação do dólar
Talvez você esteja se perguntando: se o dólar é uma reserva tão boa de valor, por que ele varia? Desde 1999, o Brasil adota o regime de câmbio flutuante. Isso significa que o valor do dólar não é fixo, varia de acordo com a necessidade das pessoas ou das empresas, de comprar ou vender dólar. Ou seja, o valor do dólar, que como explicado acima é uma referência da cotação do real em relação ao dólar, varia de acordo com a lei da oferta e da demanda.
De forma bem resumida, funciona assim: quando há muito dólar disponível no mercado e pouca gente querendo comprar, seu preço tende a cair. Já quando ocorre o contrário, pouco dólar disponível no mercado e muita gente querendo comprar, o preço do dólar tende a subir.
Vale destacar que esse balanço é o resultado bem complexo de uma série de outros fatores internos e externos. Um deles é a balança comercial, quando o Brasil importa e exporta. Geralmente, as empresas precisam de dólar para pagar pelo que importam e recebem nessa mesma moeda pelo que exportam. Outra fator é o interesse dos investidores no Brasil, trazendo dólares para cá, ou de agentes brasileiros investindo no exterior, operando no sentido inverso.
Da mesma forma, também existem as transações financeiras realizadas entre residentes e não residentes do país, como investimentos, compra e venda de ações, títulos, moedas, entre outros. Entre os outros fatores, importante ainda destacar o grau de previsibilidade da economia, o nível de confiança dos investidores e o grau de rentabilidade das empresas. Em resumo: tudo o que afete a procura por dólar vai interferir, de um jeito ou de outro, em seu preço.
O Banco Central intervém no mercado de dólares?
O Banco Central do Brasil (BCB) nunca intervém no mercado de câmbio para regular o preço do dólar. O que ele faz é garantir o funcionamento adequado desse mercado, reduzindo a volatilidade excessiva, evitando restrições de liquidez e garantindo mecanismos de proteção ao mercado.
Reduzir a volatilidade é atuar para que não ocorram oscilações muito bruscas num intervalo curto de tempo. E para que o mercado chegue de uma forma mais suave a um ponto de equilíbrio. Já as restrições de liquidez, podem ocorrer em situação de escassez de dólares, como quando os agentes econômicos encontram dificuldade de atender todo mundo que precisa operar câmbio. Ou seja, falta dólar no mercado. Então, o BCB vende a moeda para suprir essa necessidade.
Por fim, os mecanismos de proteção de mercado são as regras prudenciais criadas pelo Banco Central para garantir que uma instituição financeira não assuma riscos muito altos. Aquelas, que, no limite, poderiam desequilibrar o mercado como um todo. É para isso que o BCB atua no mercado de câmbio, não para atuar artificialmente o preço do dólar.