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Polícia diz que mãe de criança com deficiência usou valores doados em cirurgia plástica 

Igor Viana e Ana Vitória são suspeitos de desviar doações destinadas à criança com deficiência

Ana Vitória Alves dos Santos, mãe da criança de 2 anos com paralisia cerebral, está sob suspeita de ter usado parte das doações destinadas à filha para realizar cirurgias plásticas.

Segundo relatos, Ana Vitória teria feito intervenções estéticas financiadas por contribuições de pessoas comovidas com a situação de saúde de sua filha.

Ao portal UOL a delegada Aline Lopes confirmou que a denúncia está sob investigação, sem revelar detalhes sobre os procedimentos estéticos realizados ou os valores envolvidos.

Os pais da criança estão sendo investigados por supostamente desviarem o dinheiro das doações e também por suspeitas de maus-tratos. Além de Ana Vitória, o pai da menina, o influenciador Igor Viana, é alvo das autoridades da Polícia Civil de Goiás.

Igor utilizava suas redes sociais para solicitar ajuda financeira. O influenciador, que acumula uma grande quantidade de seguidores, frequentemente compartilhava a história de sua filha nas plataformas digitais para sensibilizar seus seguidores.

Ana e Igor estão separados e recentemente decidiram informalmente que a criança ficaria sob os cuidados do pai, sem um acordo formalizado na Justiça.

O Conselho Tutelar interveio e retirou a criança da guarda do pai. Nesta terça-feira (25), a menina foi entregue aos cuidados da avó paterna pelos conselheiros. Durante a ação, segundo relatos da delegada, Igor teria mostrado comportamento desrespeitoso, incluindo deboches e piadas direcionadas aos conselheiros.
Igor chamou seguidores de “trouxas”

Viana debochou dos seus seguidores que contribuíram com doações para os cuidados de sua filha.

Se eles [seguidores] foram trouxas, a culpa não é minha declarou ele em áudio ao qual a Polícia Civil de Goiás teve acesso e enviou ao portal UOL.

O pai ainda mencionou ter vontade de deixar a filha em um orfanato.

Minha filha tem paralisia cerebral, mas ela é super chata. Não imaginava que uma criança que tem 10% do cérebro funcionando fosse tão chata e pudesse me dar tanto problema acrescentou.

Igor defendeu que não considera ter desviado o dinheiro.

Não sou obrigado a usar o dinheiro que eles mandam especificamente com a minha filha. Também tenho necessidades a serem supridas, sou um ser humano argumentou.

Eu não considero que eu desviei o dinheiro, até porque as pessoas enviavam o dinheiro para minha conta, minha filha não tem Pix. Se eles foram trouxas, a culpa não é minha. Eu não sou obrigado a usar o dinheiro que eles mandam especificamente com a minha filha. Eu também tenho necessidades a serem supridas, sou um ser humano Igor Viana.
Suspeito de desvio e maus-tratos

Igor Viana se apresenta nas redes sociais como “Pai da Soso” e “servo do Deus vivo”. O influenciador possui uma ampla base de seguidores nas plataformas digitais, onde compartilha a rotina com sua filha, que tem paralisia cerebral, e utiliza esses canais para solicitar doações que supostamente seriam destinadas aos cuidados da criança.

A partir de 19 de junho, Viana passou a ser investigado após denúncias registradas na delegacia de Anápolis. De acordo com a delegada Aline Lopes, as primeiras queixas contra Igor envolviam acusações de maus-tratos relacionados à forma como ele tratava sua filha em vídeos publicados nas redes sociais.

Segundo Lopes, em um dos vídeos, o pai teria referido-se à filha como “criança inútil do car**** em uma trend”, o que, dentro do contexto da investigação, pode configurar crime de maus-tratos. À reportagem do site UOL, a delegada esclareceu que está analisando esses vídeos como parte das evidências.

Na biografia de seu perfil no Instagram, Igor destaca que “Deus dá crianças especiais para pais especiais”, uma declaração que contrasta com as alegações feitas nas investigações em curso.

Essa fala dele pode ser encarada tanto como constrangimento de criança, quanto ao crime de incitação à discriminação de pessoa com deficiência. Além disso, no contexto em que ele está sendo investigado, pode se caracterizar o crime de maus-tratos Aline Lopes, delegada da PCGO

Os pais de Sosa trabalham com internet, mas não possuem renda fixa. Segundo investigações, Igor e sua ex-companheira teriam nas doações destinadas à filha sua principal fonte de sustento, desviando parte dos recursos para benefício pessoal.

Estamos apurando se o dinheiro foi utilizado para algo que não seja os cuidados da menina esclareceu Aline Lopes.

Igor foi proibido de mostrar a filha nas redes sociais. Através dos stories em seu perfil no Instagram, ele informou aos seguidores sobre a determinação do Conselho Tutelar de Anápolis.

Igor afirmou que, “a partir” de agora, Sosa será exibida “apenas em um programa por assinatura” que ele mantém de forma privada. Um print dessa mensagem foi enviado à reportagem pela delegada.

Igor e sua ex-companheira serão convocados a depor para esclarecer as acusações feitas contra eles. Ambos são suspeitos de crimes que incluem constrangimento de menor, estelionato, discriminação à pessoa com deficiência e apropriação de bens destinados a pessoa com deficiência.

Se você presenciar um episódio de violência contra crianças ou adolescentes, denuncie o quanto antes através do número 100, que está disponível todos os dias, em qualquer horário, seja através de ligação ou dos aplicativos WhatsApp e Telegram.

O mesmo número também atende denúncias sobre pessoas idosas, mulheres, pessoas com deficiência, pessoas em restrição de liberdade, comunidade LGBT e população em situação de rua. Além de denúncias de discriminação étnica ou racial e violência contra ciganos, quilombolas, indígenas e outras comunidades tradicionais.

Também é possível denunciar casos de maus-tratos e negligência a crianças e adolescentes nos Conselhos Tutelares, Polícias Civil e Militar e ao Ministério Público, bem como através dos números Disque 181, estadual; e Disque 156, municipal.