Procedimento usa nitrogênio líquido para congelar tumores e mostrou 100% de eficácia nos primeiros testes

Procedimento usa nitrogênio líquido para congelar tumores e mostrou 100% de eficácia nos primeiros testes
Uma técnica inovadora para tratar o câncer de mama está chamando a atenção: a crioablação, um método que congela e destrói as células cancerígenas, mostrou 100% de eficácia nos primeiros testes feitos por pesquisadores da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).
O procedimento foi realizado no dia 13 de janeiro, no ambulatório de Mastologia do Hospital São Paulo (HSP/HU Unifesp), pelos professores Vanessa Sanvido e Afonso Nazário, da Escola Paulista de Medicina (EPM/Unifesp).
Já utilizada em países como Estados Unidos, Japão e Israel, a técnica foi aprovada pela Anvisa. No entanto, ainda não está disponível no SUS nem nos planos de saúde.
Como funciona a técnica de congelamento?
A crioablação usa nitrogênio líquido para atingir temperaturas extremamente baixas, congelando e eliminando o tumor. De acordo com Afonso Nazário, o processo acontece por meio de ciclos alternados de congelamento e descongelamento da região afetada.
O diferencial desse tratamento é que ele não exige internação, sendo feito em ambulatório com anestesia local.
“Inserimos uma agulha na área afetada e injetamos nitrogênio líquido a -140ºC. Isso forma uma esfera de gelo que destrói o tumor. A incisão é tão pequena quanto a de uma biópsia”, explica Nazário.
Resultados positivos e próximos passos
Nos testes iniciais, o método foi aplicado em pacientes com tumores menores que 2,5 cm, com indicação para cirurgia. Os resultados foram promissores.
“A primeira fase do estudo, que incluiu cerca de 60 pacientes, mostrou 100% de eficácia para tumores de até 2 cm”, destaca Vanessa Sanvido.
Agora, os pesquisadores querem entender se a crioablação pode ser uma alternativa definitiva à cirurgia tradicional.
“Nesta nova etapa, estamos comparando dois grupos: um que passa apenas pelo procedimento de congelamento e outro que faz a cirurgia convencional. A pesquisa conta com mais de 700 pacientes em 15 centros de saúde de São Paulo”, explica Sanvido.