Páscoa gourmet: chocolate vale ouro e ovos viram joias comestíveis

Alta do cacau faz preços dispararem e impulsiona mercado de luxo com criações exclusivas

A Páscoa de 2025 chegou com um gosto amargo para o bolso dos consumidores e um sabor cada vez mais exclusivo nas prateleiras. Com a disparada nos preços do cacau no mercado internacional, os tradicionais ovos de chocolate ficaram significativamente mais caros neste ano — alguns, inclusive, atingindo valores comparáveis aos de joias de luxo.

A crise de oferta global da principal matéria-prima da indústria do chocolate fez com que a tonelada da amêndoa de cacau ultrapassasse os US$ 13 mil na Bolsa de Nova York no fim de 2024. Isso representou um aumento de até 300% em apenas um ano, segundo a Associação Brasileira da Indústria da Alimentação (Abia).

No Brasil, o impacto é evidente: os ovos de Páscoa ficaram, em média, 9,5% mais caros, conforme levantamento da Fipe. A produção nacional de chocolates também sentiu o golpe e recuou 22% em relação ao ano anterior.

Apesar do cenário econômico desafiador, o mercado de luxo aproveitou a data para se reinventar e impressionar. Confeitarias de alto padrão, marcas internacionais e chefs renomados apostaram em edições limitadas, recheadas de design, ingredientes raros e preços astronômicos. O resultado? Ovos que mais se assemelham a esculturas do que a doces tradicionais.

Entre os destaques está o “Ovo Gigante All Sugar Embroidered”, da confeiteira Isabella Suplicy, vendido por R$ 9.800. Com 16 kg e detalhes feitos inteiramente em açúcar, a criação é um verdadeiro monumento da confeitaria. Outro exemplo é o ovo “Dubai”, da Flakes, que chega a R$ 4.300 e traz pistaches californianos e recheios inspirados no Oriente Médio.

A grife Louis Vuitton também entrou na onda, com um ovo de chocolate que imita sua clássica “Egg Bag”, feito em parceria com o chef francês Maxime Frédéric — a peça, que custa cerca de R$ 1.220, possui até zíper e monograma de chocolate.

No campo das confeitarias artesanais, o refinamento continua: o ovo “Fabergé Richesse”, do chef Denilson Sucrier, presta homenagem aos icônicos ovos russos, com recheios de caramelo, praliné e brigadeiro sofisticado. Já o “Ovo Sakura”, da Sigrist Pâtisserie, traz inspiração japonesa, com ganache de matcha e flores delicadas esculpidas à mão.

A criatividade também se estende às embalagens. O ovo “Dubai – Crispie de Pistache no Baú”, do confeiteiro Stefan Behar, vem acondicionado em um baú de luxo, como se guardasse uma relíquia.

Em meio aos preços elevados, muitos consumidores buscam alternativas criativas: ovos caseiros, barras de chocolate personalizadas ou até a substituição do tradicional presente por experiências simbólicas.