MundoNotíciasTecnologia e Ciência

País que está sendo engolido pelo mar quer existir via metaverso

Plano é fazer cópia digital de Tuvalu e enviar cidadãos para residirem na Austrália

Um país no meio do Oceano Pacífico está sendo gradativamente engolido pelo mar e corre o risco de deixar de existir. Essa nação se chama Tuvalu, e é formada principalmente por nove ilhas de coral. Diante da ameaça de desaparecimento, as autoridades decidiram correr contra o tempo para criar uma cópia digital de todo o país, armazenando cada detalhe – como casas, árvores e praias – no metaverso, a fim de permitir que a nação seja visitada no futuro, mesmo que virtualmente.

Como parte da iniciativa Future Now (Futuro Agora ou Te Ataeao Nei no idioma local), o projeto Nação Digital visa preservar as paisagens, a cultura e até mesmo os direitos legais dos 11 mil cidadãos de Tuvalu. A medida foi lançada em 2022 pelo ministro das Relações Exteriores de Tuvalu, Simon Kofe, em discurso na COP27.

– Nossa terra, nosso oceano e nossa cultura são os bens mais preciosos do nosso povo. E, para mantê-los em segurança, independente do que acontecer no mundo físico, nós iremos movê-los para a nuvem – explicou.

A legislação internacional determina que uma nação soberana deve ter um território físico bem definido e uma população permanente. Contudo, de acordo com informações da BBC, Tuvalu quer criar um novo modelo de Estado, coerente com à realidade contemporânea, em que as mudanças climáticas têm ameaçado territórios. Para isso, chegou a alterar o conceito de Estado em sua Constituição.

Mesmo assegurando suas “fronteiras” no metaverso, a população ainda precisará de um espaço físico para residir, e para isso, a Austrália assinou um tratado em 2023 se comprometendo a receber os refugiados em seu território. Os tuvaluanos, contudo, pretendem manter sua nacionalidade e direitos.

Para isso, as autoridades estão se dedicando a criar passaportes digitais, por meio dos quais o governo de Tuvalu seguiria funcionando, realizaria eleições e plebiscitos, e seguiria registrando nascimentos, mortes e casamentos.

Por outro lado, o acordo entre os dois países prevê a emissão de vistos australianos que autorizarão que os tuvaluanos residam, trabalhem e estudem no país vizinho. Haverá ainda meios para facilitar que essas pessoas obtenham cidadania australiana.

Apesar da situação, parte da população de Tuvalu segue morando no país e crê que ainda não é a hora de desistir de seus lares. Segundo estimativa de cientistas da Nasa, grande parte do território será submerso até 2050.