A Terra já experimentou um fenômeno conhecido como Evento Pluvial Carniano aproximadamente 230 milhões de anos atrás, durante o período Triássico tardio. Esse evento foi caracterizado por chuvas intensas e incessantes em várias partes do globo, de regiões tropicais a latitudes mais altas, durando por um estimado de dois milhões de anos. O evento levou a inundações generalizadas, alterações nos caminhos dos rios e a formação de lagos temporários, impactando significativamente as paisagens e formações geológicas da Terra.
Acredita-se que o Evento Pluvial Carniano tenha desempenhado um papel crucial na extinção de quase 33% dos gêneros marinhos e no surgimento de recifes de corais. Registros geológicos indicam uma precipitação anual média de 1.400 milímetros durante esse período, afetando todo o planeta. Esse evento extraordinário de chuvas é considerado como tendo contribuído para o desenvolvimento dos ecossistemas modernos, incluindo o aparecimento de plantas coníferas e várias espécies animais, como lagartos, tartarugas, mamíferos e dinossauros.
A atividade vulcânica na região de Wrangellia, que se estende do centro-sul do Alasca até as costas da Colúmbia Britânica, é identificada como o gatilho para o Evento Pluvial Carniano. Ao longo de um período de cinco milhões de anos, erupções nesta área liberaram quantidades significativas de cinzas e dióxido de carbono na atmosfera, levando a um efeito estufa que aumentou as temperaturas globais em 3 a 10 graus Celsius. Esse aquecimento resultou na evaporação de corpos d’água e na formação de uma cobertura de nuvens persistente, que por sua vez causou as chuvas prolongadas.
A cessação do Evento Pluvial Carniano é atribuída à absorção de dióxido de carbono atmosférico por vegetação recém-formada e rochas erodidas, assim como à eventual parada das erupções vulcânicas. Isso levou a uma redução nos gases de efeito estufa e a um retorno a condições climáticas mais secas.