A paciente já tinha passado pela menopausa, tinha tido dois partos normais, e por isso nunca imaginou que a ausência de exercícios físicos e de vida sexual levaria à fusão labial.
A paciente já tinha passado pela menopausa, tinha tido dois partos normais, e por isso nunca imaginou que a ausência de exercícios físicos e de vida sexual levaria à fusão labial.
Um caso médico no Japão chamou a atenção da comunidade recentemente, e conta a história de uma mulher de 76 anos que desenvolveu atrofia vaginal depois da menopausa. O relato foi publicado em fevereiro de 2018 no Journal of Medical Case Reports, e investiga as possíveis causas que levaram às aderências labiais, fazendo com que o canal vaginal ficasse quase completamente “colado”.
De acordo com a publicação feita pelos médicos Yusaku Kumagai, Masafumi Toyoshima, Kei Kudo, Minoru Ohsawa, Hitoshi Niikura e Nobuo Yaegashi, a paciente estava em tratamento para um câncer no esôfago quando foi encaminhada ao departamento ginecológico do mesmo hospital para uma avaliação de alto acúmulo na vagina.
Embora não reclamasse de dor ou de problemas ao urinar, apenas uma demora acentuada, acabou sendo constatado que ela tinha apenas um pequeno orifício que permitia que a urina saísse.
No exame, os profissionais acabaram constatando que os lábios estavam extensamente fundidos, e uma endoscopia ainda mostrou que o canal estava cheio de urina e que não existia nenhuma anormalidade na uretra ou no colo do útero.
O que os médicos se surpreenderam foi que a paciente já tinha passado por dois partos normais, e também já estava na pós-menopausa, condições que acabam reduzindo as chances de fusão labial.
Segundo explicação dos médicos, a fusão labial (atrofia vaginal) é um distúrbio genital benigno, aparecendo de maneira mais comum em meninas pré-adolescentes, sendo mais incomum de ser relatado em mulheres pós-menopausa.
A fusão labial pode ser causada por infecção, trauma na genitália ou uma inflamação crônica que resulta em baixos níveis de estrogênio.
Os médicos acreditam que a paciente acabou desenvolvendo as aderências labiais por não ter um histórico de atividades gerais, ou seja, não tinha uma rotina de exercícios físicos, e não mantinha relações sexuais há muito tempo.
Com a queda nos níveis de estrogênio, e a ausência de acompanhamento ginecológico de rotina, ela acabou desenvolvendo o quadro, mas nenhuma outra complicação foi relatada.
Como os exames mostraram que a uretra, o colo do útero e o meato uretral dentro da vagina estavam cheios de urina, os médicos recomendaram que ela passasse por um procedimento cirúrgico que removesse as aderências vaginais.
De acordo com a publicação, ela recebeu anestesia local e as aderências foram dissecadas sem corte, e a recuperação foi simples, com recomendações de higiene local e uma pomada de estrogênio para evitar que a fusão voltasse a acontecer.
Os médicos voltaram a ver a paciente três meses depois, e constataram que ela estava bem e saudável, sem nenhuma intercorrência cirúrgica. Segundo a publicação, esse foi o primeiro relato de aderências labiais em que o exame endoscópico facilitou o tratamento cirúrgico.
Dentre os principais tratamentos para pacientes que têm aderências graves estão métodos não cirúrgicos e cirúrgicos, a depender do caso em questão.
Para meninas pré-púberes que apresentam as aderências, o tratamento de primeira linha é o uso tópico de estrogênio e betametasona, somado a uma boa higiene da vulva, mostrando taxas de sucesso que variam de 50% a 88%.
Para os pacientes adultos, a terapia de estrogênio não se mostra a melhor saída, e os médicos indicam que a separação seja feita de maneira cirúrgica.
O diagnóstico de fusão labial pode ser feito por inspeção, mas o exame endoscópico mostrou-se inestimável para determinar as estruturas e relações anatômicas precisas, permitindo que os profissionais realizassem um procedimento cirúrgico seguro.
Vale lembrar que o acompanhamento médico é imprescindível, principalmente para prevenir condições médicas que poderiam ser facilmente evitadas.