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Motorista de aplicativo cria loja de cosméticos dentro do carro, e vídeo viraliza nas redes

Mattheus Alencar, de 27 anos, tinha um estoque de maquiagens em casa após sua esposa fechar loja durante a pandemia. Ele diz que chega a vender R$ 100 em produtos em uma corrida

Trabalhando como motorista de aplicativo, Mattheus Alencar, de 27 anos, queria encontrar formas de aumentar a sua renda. A solução veio há cinco meses, quando ele criou uma loja de cosméticos dentro do automóvel. “Ofereço a experiência para o cliente poder comprar algo que esqueceu em casa. Muitas vezes, por já ter a loja, eu não preciso falar nada. Ela fala por si só, porque os produtos ficam à mostra”, diz Alencar, que nas redes sociais se denomina Mattheus Uber Loja em Movimento.

Ao criar o negócio, o empreendedor resolveu outro problema que tinha em casa: um estoque de maquiagens. Isso porque, há cerca de dois anos, Alencar deu a ideia de que a esposa e uma amiga maquiadora criassem uma loja. No entanto, o negócio precisou fechar as portas por causa da pandemia, e os produtos ficaram parados.

Um dia, ele decidiu fazer um teste expondo 10 produtos em seu carro. Os itens eram vendidos em uma pequena bandeja presa no banco de trás. “No primeiro dia, consegui vender cerca de R$ 84. Depois, fui entendendo a necessidade dos passageiros. Eles gostaram da novidade, tiravam fotos e mandavam para os outros. Hoje já são mais de 100 tipos de produtos dentro do carro”, diz Alencar.

O negócio bombou em novembro de 2022, quando uma influenciadora digital postou um vídeo da parte interna do carro, que Alencar havia compartilhado em sua conta. “Na época, eu só tinha 11 seguidores, mas consegui mais de 10 milhões de visualizações. Foi quando estourou nas redes sociais”, afirma. Em fevereiro deste ano, ele reformou o espaço, removendo o banco da frente do veículo para aumentar a sua loja. No dia 31 de março, a iniciativa voltou a viralizar. Um vídeo postado no Twitter recebeu mais de 1,8 milhão de visualizações e quase 20 mil curtidas.

Ele diz que as vendas são super naturais. “O passageiro costuma escolher os produtos durante o trajeto. No final, quando estaciono o veículo, faço a venda”, afirma. Ele conta que faz vendas diárias. “Às vezes, em uma corrida de R$ 6, consigo vender R$ 20, R$ 50 e até R$ 100 em produtos. É bem lucrativo”, afirma.

A prática é legal?

PEGN pediu que Paulo Guimarães, CEO do Observatório Nacional de Segurança Viária, assistisse aos vídeos do motorista para identificar se existia algum problema na prática. Segundo o especialista, a loja em si não desrespeita uma legislação específica. No entanto, ele enxerga duas questões principais, começando pelo perigo de ter objetos soltos dentro do veículo. “No caso de uma batida ou de uma frenagem brusca, estes objetos podem sair do lugar e gerar algum risco ou problema”, diz Guimarães.

Depois, vem a possibilidade de desatenção do motorista. “O ato de dirigir exige atenção e foco. Por mais que a loja possa ser de autoatendimento, o passageiro continua interagindo com o motorista, fazendo perguntas sobre o produto. O motorista também fica de olho, preocupado se algo está sendo roubado”, afirma Guimarães.

Neste segundo caso, a prática poderia se encaixar na infração do artigo 169 do código de trânsito. “É uma infração mais genérica que se aplica a ‘dirigir sem atenção ou sem os cuidados indispensáveis à segurança’. Isso se aplica a todas as situações de insegurança dentro do trânsito, mas é impossível prever tudo”, diz Guimarães. Com isso, segundo ele, a aplicação de uma penalidade dependerá da interpretação do agente de trânsito.

A reforma dentro do carro também não fere a legislação, de acordo com Guimarães. “Se ele tivesse tirado o banco da frente para transportar um passageiro de costas seria um problema. Neste caso, ele não modificou a estrutura do veículo.”

O que dizem os apps

Em nota, a 99 “esclarece que motoristas parceiros são profissionais autônomos e têm liberdade para comercializar produtos ou serviços em seus veículos, desde que sejam legalizadas, cumpram a legislação aplicável em âmbito federal, estadual e municipal e não infrinjam os Termos de uso da plataforma.”

PEGN entrou em contato com a Uber, mas não teve retorno até o fechamento desta reportagem.