Dizem que coisas que têm tudo para dar errado acabam dando errado mesmo. O contrário não é tão verdadeiro, pois a exatidão matemática esbarra no caos da realidade. Uma fórmula certa pode ser infrutífera sem deixar de ter a validade ao seu lado, a aplicação depende de uma série infindável de variáveis.
Eis o caso de Javier Milei. A sua vitória eleitoral em 2023 representou o triunfo de tudo o que a Argentina desprezou desde Juan Manuel Perón – por isso mesmo os nossos hermanos mergulharam num mar de pobreza e crises institucionais, virando uma típica republiqueta. Uma plataforma de privatizações, redução da máquina pública e do Leviatã estatal, bem como a desburocratização de setores da economia: caminhos da prosperidade provadamente corretos pela história, mas sujeitos a recuos ou fiascos a depender do andar da carruagem política.
Porém, Milei teve coragem. A esquerda argentina chiou, fez algazarra e tentou sabotar a sua agenda de todas as formas, mas a marcha da insensatez foi em vão. Os resultados estão aparecendo agora: redução de 52% para 38% dos pobres argentinos, segundo o Instituto Nacional de Estatísticas e Censos (Indec), o IBGE argentino – sem um Pochmann por lá, graças a Deus. O número de indigentes teve uma redução de praticamente dez pontos percentuais.
O que fez o presidente Milei? Enxugou a máquina pública ao demitir pouco menos de 38 mil funcionários públicos, apresentou um pacote consistente de reformas liberais – aprovado em 2024 – e respeitou as leis de mercado que muitos terraplanistas econômicos ignoram solenemente. Privatizou estatais e eliminou regulamentações inúteis que impediam ou dificultavam o investimento estrangeiro, bem como a atividade empresarial. Em suma: ele cumpriu o que prometeu. Deu ao país um choque de gestão ao seguir a plataforma liberal tão necessária para o reerguimento de uma nação arruinada pelo peronismo.