Flaviane Dias Cumerlato teve lesões nas vértebras C5, C6 e C7. O caso aconteceu no começo de fevereiro e empresária passa por recuperação

Flaviane Dias Cumerlato teve lesões nas vértebras C5, C6 e C7. O caso aconteceu no começo de fevereiro e empresária passa por recuperação
Era para ser um momento de lazer e diversão com a família em uma casa de aluguel temporário em Capão da Canoa, no Litoral Norte, mas um acidente inesperado quase tirou a vida da empresária Flaviane Dias Cumerlato. O cabelo da empresária foi sugado pela bomba da piscina, causando fratura em sua cervical.
— Foi um milagre ter sobrevivido e não ter perdido os movimentos — relata Flaviane, que mora em Canela, na Serra.
A força da bomba causou um movimento abrupto em seu corpo, que foi jogado para trás, fraturando a vértebra C5 e quebrando as C6 e C7 da cervical.
“Você corre o risco de ficar tetraplégica. O seu osso está fora do lugar e a milímetros da medula”, foi o que a empresária de 33 anos ouviu do médico após a tomografia da cervical.
O caso aconteceu em 1º de fevereiro de 2025. Flaviane, o marido e os filhos haviam alugado uma casa para aproveitar o verão. A piscina parecia o lugar perfeito após um dia inteiro na praia.
Depois de uma hora brincando na água, o marido da empresária e as crianças saíram da piscina, enquanto a mulher atendia uma ligação da mãe.
Quando a conversa terminou, Flaviane planejava sair da piscina. Como não queria mergulhar, jogou a cabeça para trás para apenas molhar o cabelo — e foi neste momento que tudo aconteceu.
— (O sugador) me puxou com tudo e eu fiquei presa ali embaixo. Fiquei tentando puxar e eu jurava que ia morrer afogada — conta Flaviane.
No momento em que o acidente aconteceu, o marido e as crianças estavam na sala da casa alugada.
— Consegui tirar um pouco de cabelo e coloquei a boca um pouquinho pra fora e gritei: “Socorro”. E aí eu afundei de novo — relata.
O marido chegou a achar que Flaviane estava brincando, mas percebeu a gravidade da situação porque a mulher não respondia.
Ela conta que o marido conseguiu puxá-la de volta à superfície e tirá-la da piscina — atitude essa que os médicos alertaram que poderia ter sido fatal para a empresária em razão das vértebras quebradas.
Flaviane foi levada de ambulância para o hospital de Capão da Canoa, já imobilizada. Lá, os médicos descobriram que ela havia fraturado as vértebras C5, C6 e C7 de sua cervical, colocando a medula em risco.
— Chorava de dor, falava que tava doendo muito minhas costas, que eu não sentia minhas costas, não sentia meu pescoço — conta Flaviane.
Cirurgia
De acordo com Flaviane, cerca de 12 horas depois ela foi transferida para Porto Alegre.
— Foram cinco médicos segurando no meu pescoço, no meu corpo, tudo para não ter movimentação nenhuma, que o mínimo movimento ali poderia chegar na medula e eu poderia ficar, como eles falavam o tempo todo, tetraplégica — relembra a empresária.
Na Capital, Flaviane precisou ficar imobilizada mais cinco dias. Segundo ela, o plano de saúde “não queria liberar os equipamentos que o médico queria utilizar na cirurgia”.
A operação aconteceu apenas no dia 7 de fevereiro, completando um mês nesta sexta-feira (7).
Flaviane foi então estabilizada e começou sua recuperação, que se estenderia por semanas. Ela recebeu alta do hospital no dia 11.
Busca por justiça
Flaviane agora busca justiça contra a proprietária da casa de aluguel onde o acidente aconteceu. De acordo com a empresária, ela entrou em contato com a dona da propriedade, comunicando o que havia acontecido e solicitando o reembolso das diárias não utilizadas devido ao tempo que passou no hospital.
Além disso, pediu ajuda com os custos hospitalares, que teriam somado uma diferença de quase R$ 12 mil, já que o plano de saúde não cobria toda a estrutura necessária para sua cirurgia e internação.
No entanto, não houve um retorno da proprietária, segundo relato dela.
Para Flaviane, a negligência na segurança da piscina, que resultou em fratura cervical, é responsabilidade de quem aluga a propriedade.
— Imagina, você paga uma diária de R$ 2 mil em uma casa, você vai dar um mergulho e quase morre, quebra cervical, fica paralisada — desabafa.
O que diz a lei
A Lei nº 14.327/2022 determina normas para garantir a segurança em piscinas, desde a fabricação até o funcionamento.
Segundo a legislação, “é obrigatório para todas as piscinas e similares, existentes e em construção ou fabricação no território nacional, o uso de dispositivos de segurança aptos a resguardar a integridade física e a saúde de seus usuários, especialmente contra o turbilhonamento, o enlace de cabelos e a sucção de partes do corpo humano”.
— É uma telinha de proteção que não deixa sugar o cabelo, e isso pode salvar tantas vidas — comenta Flaviane.
Recuperação
A mulher se encontra em um processo de recuperação. Flaviane já começou a fisioterapia e está longe de suas atividades diárias. Ela ainda enfrenta limitações no movimento do pescoço e na sensibilidade dos dedos.
— A gente não sabe se com o tempo vou conseguir ou se vai melhorar. Provavelmente, 100% nunca mais terei — analisa a empresária.
Além das dificuldades físicas, Flaviane enfrentou um grave trauma emocional, especialmente ao ver a reação de sua filha de quatro anos, que, conforme a mulher, desenvolveu crise de pânico após presenciar a mãe sendo levada em uma ambulância.
Sobre o impacto financeiro, Flaviane conta que perdeu passagens aéreas para uma viagem de férias nos Estados Unidos, não conseguiu reembolso e ainda teve que arcar com os custos hospitalares extras.