Concessão é válida por 30 anos e foi conduzida pelo ICMBio

Concessão é válida por 30 anos e foi conduzida pelo ICMBio
O Consórcio Dunas, formado pelo Grupo Cataratas e a construtora Construcap, venceu o processo de concessão dos serviços de apoio à visitação no Parque Nacional de Jericoacoara, no Ceará. A licitação foi conduzida pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), órgão ligado ao Ministério do Meio Ambiente, de Marina Silva.
A presidência da Construcap é ocupada por Roberto Ribeiro Capobianco, empresário que foi alvo da Operação Lava Jato em 2016 e que também é irmão de João Paulo Capobianco, atual secretário-executivo do Ministério do Meio Ambiente. Embora o secretário não tenha ligação formal com a construtora, ele é sócio do irmão em outro negócio, a Goiasa Goiatuba Álcool LTDA, empresa que atua no setor agroenergético com capital social superior a R$ 267 milhões.
A concessão, válida por 30 anos, autoriza o consórcio vencedor a explorar comercialmente o turismo no parque, com direito à cobrança de ingressos. Em contrapartida, o grupo deverá investir R$ 116 milhões em infraestrutura. A proposta vencedora foi de R$ 61 milhões – mais que o dobro do segundo maior lance, de R$ 25 milhões. O valor mínimo exigido no edital era de R$ 7 milhões.
O processo de leilão foi realizado em janeiro de 2024, na Bolsa de Valores (B3), após publicação do edital no Diário Oficial da União (DOU) em setembro do ano anterior. A fiscalização das atividades ficará sob responsabilidade do próprio ICMBio.
Além de Roberto, outros membros da família Capobianco ocupam cargos estratégicos na Construcap, como Maria Silva Ribeiro, Julio Capobianco Filho e Maria Lucia Ribeiro Capobianco Porto.
Em 2016, Roberto Capobianco e seu irmão Eduardo foram presos durante a 31ª fase da Operação Lava Jato, batizada de Abismo. Eles eram investigados por supostos pagamentos de R$ 39 milhões em propinas em contratos com a Petrobras, por meio do Consórcio Novo Cenpes.
Apesar das ligações familiares e do histórico do empresário, até o momento não houve manifestação oficial do Ministério do Meio Ambiente sobre possíveis conflitos de interesse no processo de concessão.