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Intelectuais pela censura

Mais de 50 intelectuais de vários países assinaram um manifesto de apoio à suspensão da plataforma X no Brasil. A notícia também poderia ser dada assim: mais de 50 almas penadas se reuniram num abaixo-assinado infame a favor da censura. Dá praticamente no mesmo, ninguém vai brigar por causa disso.

Entre os signatários deste documento histórico está o brasileiro José Graziano, amigo do Lula – aquele que esteve à frente do programa Fome Zero em 2003. Como era inexequível, o programa foi extinto antes de ser implementado – uma façanha do petismo que até hoje não foi superada por nenhum partido no mundo. E olha que os picaretas estão sempre tentando.

Como prêmio por liderar um programa governamental que matou a fome de zero pessoas, Graziano ganhou um cargo na organização da ONU para alimentação e agricultura (FAO). Coerência é tudo. O mínimo que se espera de um burocrata da nutrição de fachada é que assine um documento de apoio à mordaça em nome da democracia.

Outro luminar presente entre os que endossaram esse manifesto libertário pela censura no Brasil é o francês Thomas Piketty. Assim como Graziano, é economista. E também ficou famoso graças a uma façanha: virou best-seller mundial com um livro que fazia uma recauchutagem do marxismo para sentenciar, mais uma vez, a crise incontornável do capitalismo.

Vendeu milhões de exemplares provando em definitivo a verdade histórica: a sobremesa predileta da burguesia que enche a pança no capitalismo é falar mal do capitalismo para afetar a grandeza de espírito. Especialistas consideram que o livro de Piketty é um dos mais vendidos e menos lidos da história.

Vida de intelectual é assim mesmo. Se passar um manifesto pela democracia na sua frente você assina, porque não sabe qual será sua próxima oportunidade de estar numa manchete da imprensa falida.

E você tem a convicção de que essas manchetes tratarão muito bem esse tipo de encenação – até porque, como se diz no chiqueiro, uma mão lava a outra.

O X é hoje a plataforma mais importante para a liberdade de imprensa no mundo. Todos os entusiastas do seu banimento no Brasil já têm seus nomes eternizados na história da democracia que passarinho não bebe.