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Glenn recorda assessor de Moraes falando em “pegar Eduardo”

Jornalista relembrou reportagem que mostra troca de mensagens do gabinete do ministro

Após o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) anunciar sua permanência nos Estados Unidos, o jornalista Glenn Greenwald publicou em sua conta no X uma reportagem, que fez em agosto de 2024, expondo que os principais assessores de Alexandre de Moraes teriam conversado sobre como o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) pretendia tornar o parlamentar um de seus alvos.

Publicada na Folha de S.Paulo, a matéria intitulada Moraes escolhia alvos e pedia ajustes em relatórios contra bolsonaristas, mostram mensagens exibe conversas entre o gabinete do ministro e o órgão de combate à desinformação do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), à época em que Moraes presidia a Corte.

O conteúdo vazado apontou que, em diversos casos, os investigados eram escolhidos a dedo pelo próprio ministro ou por um juiz assessor. Também mostraram que os relatórios sofriam modificações quando não estavam do gosto do magistrado para embasar suas ações.

No trecho relativo a Eduardo, o juiz auxiliar Marco Antônio Vargas diz ao então chefe da Assessoria Especial de Enfrentamento à Desinformação (AEED), Eduardo Tagliaferro, que Moraes queria associar o parlamentar ao argentino Fernando Cerimedo, indiciado em novembro pela Polícia Federal (PF) por disseminar desinformações sobre o sistema eleitoral brasileiro.

“Ele quer pegar o Eduardo Bolsonaro. A ligação do gringo com o Eduardo Bolsonaro”, diz Vargas na mensagem enviada a Tagliaferro. “Será que tem [ligação]?”, perguntou o interlocutor.

Posteriormente, Tagliaferro cita um vídeo de Eduardo com a bandeira de um jornal que propagou as falas de Cerimedo. “Tem um vídeo do Eduardo Bolsonaro com a bandeira do jornal que fez a live de ontem, conseguimos aí relacionar ele àquilo”, disse. “Que beleza”, respondeu Vargas.

A postagem de Glenn relembrando a matéria foi feita em uma publicação de Eduardo, na qual o deputado replica uma fala do pai, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). No texto, o ex-chefe do Executivo fala sobre a “obsessão de Moraes com Eduardo” ter sido revelada pela “corajosa reportagem de Glenn Greenwald que expôs os bastidores da censura no Brasil”.

EDUARDO ANUNCIA QUE FICARÁ NOS EUA

Em vídeo publicado em suas redes sociais, o deputado revelou que vai se licenciar de seu cargo na Câmara dos Deputados para permanecer nos Estados Unidos a fim de lutar por sanções contra “os violadores de direitos humanos” no Brasil, em especial Moraes, a quem citou nominalmente.

“Irei me licenciar sem remuneração para que possa me dedicar integralmente e buscar as devidas sanções aos violadores de direitos humanos. Aqui poderei focar em buscar as justas punições que Alexandre de Moraes e sua Gestapo [referência à polícia secreta da Alemanha nazista] da Polícia Federal merecem. Acharam que iam me chantagear com os benefícios e regalias do cargo, não poderiam errar mais miseravelmente. Abro mão de cabeça erguida de toda essa pompa para seguir firme na minha missão de trazer justiça para todos os tiranos”, declarou.

Depois do anúncio, o ministro Alexandre de Moraes rejeitou um pedido do Partido dos Trabalhadores (PT) para apreender o passaporte de Eduardo. Ao decidir a questão, Moraes seguiu o posicionamento do procurador-geral da República, Paulo Gonet, que foi contrário à abertura de uma investigação contra o parlamentar.

O pedido que visava Eduardo partiu do deputado federal e líder do PT na Câmara, Lindbergh Farias (RJ), que acusou o político de direita de ter cometido crimes contra a soberania nacional.

Apesar da decisão do ministro, Eduardo descartou voltar para o Brasil e comunicou que pedirá asilo político ao governo dos Estados Unidos, uma proteção concedida a estrangeiros que comprovam estar sendo perseguidos na nação de origem.