Em nota, a principal entidade representante das instituições financeiras defendeu a “diluição de riscos” entre eles da cadeia.
O rotativo do cartão de crédito é uma modalidade oferecida ao cliente de um banco quando ele não consegue pagar o valor total da fatura. Com a maior taxa de juros do mercado, ele é o responsável pelo endividamento de milhões de brasileiros todos os meses.
Por isso, o governo federal, o Banco Central e o varejo buscam soluções junto às instituições financeiras. Na última quinta-feira (10), a Federação Brasileira de Bancos (Febraban) divulgou uma nota em que admite pela primeira vez a possibilidade do fim do rotativo do cartão.
A entidade fala no texto que é preciso haver uma “diluição de riscos”, que hoje se concentram nos bancos emissores, responsáveis por lidar com o alto custo da inadimplência.
“Defendemos que deve ser mantido o cartão de crédito como relevante instrumento para o consumo. Da mesma forma, deve haver o reequilíbrio da grande distorção que só o Brasil tem, com 75% das compras feitas com parcelado sem juros”, declarou a Febraban.
A federação garantiu ainda que tenta encontrar uma “solução construtiva que passe por uma transição sem rupturas” e que pode “incluir o fim do crédito rotativo e um redesenho das compras parceladas no cartão”. As conversas sobre o assunto seguem entre todos os elos da cadeia, mas ainda não há prazo para um acordo.
Campos Neto se posiciona
Durante audiência no Senado, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, afirmou que a extinção do rotativo é uma das possibilidades em estudo para reduzir os efeitos do juro no aumento da inadimplência. A ideia é substituir a modalidade por uma taxa adicional sobre o saldo devedor.
O juro desse tipo de crédito hoje chega a 440% ao ano (15% ao mês), o mais elevado do mercado. O desenho em análise pelo BC prevê o parcelamento do saldo devedor com juros por volta de 9% ao mês.
“A solução está se encaminhando para que não tenha mais rotativo, que o crédito vá direto para o parcelamento. Que seja uma taxa ao redor de 9% [ao mês]. Você extingue o rotativo. Quem não paga o cartão, vai direto para o parcelamento ao redor de 9%”, antecipou Campos Neto.