Bruninho Samudio fala pela primeira vez na televisão e relato emociona: “Se ele [Bruno] quiser falar comigo, vai ter que vir atrás”
Em entrevista ao programa “Geral do Povo”, apresentado por Geraldo Luís neste domingo (03), na RedeTV!, Bruninho Samudio, que tinha apenas 4 meses quando a mãe Eliza foi assassinada, falou com exclusividade e pela primeira vez na televisão sobre a vida sem a mãe, sobre o que pensa do pai biológico, o ex-goleiro do Flamengo Bruno Fernandes e sobre a carreira profissional como goleiro.
Ao lado da avó, dona Sônia Samudio, que é a tutora legal do adolescente, hoje com 14 anos, Bruninho abriu o coração e falou sobre seus sentimentos em relação ao crime que chocou o país. Ao ser questionado por Geraldo Luís se teria ódio de Bruno o adolescente afirmou: “Tenho nada. Tenho pena só”.
Geraldo comenta, com delicadeza, que Bruno era um “bom atleta” e Bruninho responde: “Era. Só que não era uma boa pessoa”. O adolescente também diz que se o ex-goleiro quiser falar com ele um dia “vai ter que ir atrás”.
Bruninho também revela que teve um pai na vida, que era o seu avô, de quem sente muita falta. O avô era Hernane Silva de Moura, padrasto de Eliza Samudio, que morreu em 2022, depois de sofrer quatro paradas cardíacas e ficar internado por 50 dias. Bruninho conta que seu amor pela pescaria veio do “pai”.
Geraldo Luís levou um presente para o Bruninho e acompanhou o adolescente até a rua para vê-lo soltar pipa. Durante o passeio, Bruninho revelou que não sente raiva de toda a situação e porque não deseja o mau de ninguém: “Por que não devemos desejar para os outros o que não queremos para a gente”.
Depois de se destacar em escolinhas de futebol, Bruninho entrou como goleiro para o sub-13 do Athletico Paranaense em 2022 e atuou em 2023 ainda sem contrato. Na última semana, o adolescente assinou com o clube e vai atuar este ano nas equipes sub-14 e treinar no sub-15. “Talentoso”, “prodígio”, são alguns dos adjetivos que Bruninho coleciona na carreira.
A vida sem Eliza
Quando Eliza Samudio desapareceu, aos 25 anos, Bruninho estava com ela e chegou a ser sequestrado e mantido em cárcere privado. Bruno foi encontrado dias depois do desaparecimento da mãe com um casal de estranhos. “Esse menino é um sobrevivente. Era para ele ter morrido também”, lembrou Geraldo Luís ao comentar a entrevista.
Dona Sônia Samudio mostrou a primeira foto de Bruninho depois dele ter sido resgatado do cárcere privado: “Foi um momento de felicidade e de dor”, disse a avó do adolescente. Dona Sônia contou ainda sobre como criou Bruninho e manteve a proximidade de Eliza na vida do rapaz: “Eu sempre falei da mãe dele para ele e colocava uma foto dela na cabeceira do berço”, revelou a avó.
Emocionada, dona Sônia relembrou a relação da filha com o neto e do que contou para Bruninho ao longo da sua vida: “Sua mãe lutou muito por você, te desejou muito”.
Cercados por fotos de Eliza e de Bruninho, Geraldo e dona Sônia falaram de todos os acontecimentos na vida da modelo e na vida do neto. Dona Sônia revelou se atenderia uma ligação do ex-goleiro Bruno hoje em dia. Mesmo receosa, ela afirmou que sim. Que seria uma oportunidade para ela perguntar o motivo de ter matado a sua filha. “O Bruno perdeu de fazer a coisa certa, ele preferiu o caminho errado”, declarou Sônia Samudio.
Ela ainda revelou que Bruninho não recebe pensão. E contou que ainda sonha com a filha: “Eu até consigo sentir o cheiro dela”.
O crime
Se estivesse viva, a modelo Eliza Samudio completaria 39 anos em 2024. Ela desapareceu em 28 de junho de 2010 e a polícia logo passou a investigar se o ex-goleiro do Flamengo Bruno Fernandes tinha relação com o desaparecimento. Menos de 10 dias após o sumiço de Eliza, um primo do ex-goleiro confessou a participação no sequestro e confirmou a morte de Eliza. O corpo da modelo nunca foi encontrado.
A polícia chegou a encontrar fraldas e roupas femininas queimadas em um sítio que pertencia ao ex-goleiro do Flamengo. Depois de vários depoimentos e contradições a polícia montou o caso que culminou com a condenação de Bruno a 23 anos e um mês pelo sequestro, cárcere privado, homicídio e ocultação do cadáver da modelo. Um primo e um amigo de Bruno também foram condenados.
Quatorze anos depois do crime, o ex-goleiro está solto. Ele foi para o regime semi-aberto em 2018 e está em liberdade condicional desde janeiro de 2023.
