Explosões solares em 2024 serão as maiores em anos. Qual o motivo e como irão afetar a vida na Terra?
O Sol está se aproximando de um pico de atividade que está previsto para acontecer entre 2024 e 2025
O pico está associado com explosões solares mais intensas e frequentes. O que vai acontecer na Terra?
Sol é a estrela do sistema planetário que a Terra habita. A evolução na Terra está associada com o tipo de estrela do Sol, a atividade solar e até mesmo com qual frequência o Sol emite luz. Sabemos que sem o Sol, dificilmente a vida na Terra teria sido possível visto que muitas formas de vida dependem da luz solar.
Apesar de ser o astro responsável por diversos fatores que possibilitam a vida, o Sol é um objeto astronômico bastante complexo e dinâmico. Estrelas são alguns dos objetos mais complexos do Universo. Isso se deve à sua dinâmica complicada que se torna um desafio explicar o que acontece no interior delas.
Um desses desafios é explicar o ciclo de atividade das estrelas. Mais especificamente, o ciclo de atividade solar que tem um período de 11 anos. No auge do pico, aumenta a frequência de manchas solares, emissão de ventos solares e explosões chamadas de flares. Consequentemente, é mais comum que ventos solares atinjam o nosso planeta, principalmente ventos mais intensos.
Campos magnéticos no Universo
É impossível falar de algum objeto astronômico sem falar de campo magnético. Graças à radiação eletromagnética é que conseguimos observar o Universo. Campos magnéticos são responsáveis por uma séries de fenômenos que vão desde auroras nos planetas até mesmo emissão de jatos relativísticos em buracos negros.
Campo magnético pode ser interpretado como uma região do espaço onde há uma interação com corpos carregados eletricamente, geralmente a interação acontece em linhas.
Importante ressaltar que não há monopolo magnético, ou seja, uma linha de campo magnético tem que sair de uma fonte e voltar para essa fonte. Conhecemos esse efeito como o polo sul e polo norte de um ímã, por exemplo. Uma linha que sai sempre volta fazendo um arco.
Campo magnético na Terra
O nosso planeta também possui um campo magnético que forma um arco. As linhas saem do polo norte magnético e vão em direção ao polo sul magnético formando arcos. É possível observar a direção do arco através de bússolas que sempre apontam para o polo Norte geográfico – que fica próximo do polo sul magnético.
Se observar a Terra como um ímã físico, percebemos que o Norte magnético do ímã está localizado no hemisfério Sul mas para facilitar a nomenclatura é comum chamarem o norte do ímã de polo sul magnético.
A Terra pode ser considerada como um grande ímã. Por rotacionar como um corpo rígido, a Terra gira com a mesma velocidade angular independente do ponto que você estiver. Por causa desse efeito, o campo magnético é organizado e dificilmente as linhas acabam se encostando ou sendo distorcidas.
Campo magnético do Sol
O Sol sendo uma estrela também não escapa de possuir campos magnéticos. Mas há uma diferença crucial entre o que acontece na Terra e o que acontece no Sol. O Sol tem uma rotação chamada rotação diferencial. Isso significa que o equador do Sol tem uma velocidade angular diferente dos polos.
No equador do Sol, a rotação demora cerca de 25 dias enquanto nos polos a rotação é de cerca de 35 dias.
Essa rotação diferencial faz com que as linhas de campos magnéticos sejam distorcidas. Já que a parte da linha de campo magnético que está na região do equador gira mais rápido do que a parte que está nos polos. Isso faz com que as linhas de campo magnético se enrolem em torno da esfera.
O caos dentro do Sol
As linhas acabam distorcidas e isso forma um padrão caótico além de extremamente complicados. O Sol possui linhas de campos magnéticos entrando e saindo de todos lugares de uma forma bem complicada de acompanhar.
O campo magnético do Sol é formado graças a velocidade do plasma que possui partículas carregadas. A dinâmica do plasma do Sol também é uma questão difícil para astrônomos que há décadas tentam simular e encontrar modelos que expliquem efeitos que observamos. Até hoje, alguns dos maiores mistérios da Astronomia é relacionado à dinâmica do plasma no Sol.
Manchas solares
Por causa do caos e não ter uma estrutura organizada, é comum que linhas de campo magnética possam se concentrar em uma região. Elas podem impedir com que o plasma transporte calor na região e faz com que em uma dada região a temperatura caia. Essa região é chamada de mancha solar.
As manchas solares são vistas como verdadeiras manchas escuras já que possuem uma temperatura muito mais baixa do que o ambiente ao redor delas.
Uma mancha solar pode ter uma duração de dias até de meses, dependendo da intensidade dela. Há períodos que elas aparecem com mais frequência no qual chamamos de pico de atividade solar.
Ciclo de 11 anos do Sol
O número de manchas solares definem o ciclo solar. No seu ápice, o número de manchas é o maior possível e isso acontece a cada 11 anos. O ciclo do Sol também está associado com outros fenômenos além das manchas mas todos são relacionados com o campo magnético da nossa estrela.
O ciclo solar acontece porque o campo magnético muda sua configuração a cada 11 anos. O motivo da mudança ainda é incerto e astrônomos buscam responder essa pergunta. Porém, é certo que a cada 11 anos a polaridade do campo magnético muda criando esse ciclo. Astrônomos registram esse ciclo desde o século XVII.
Como o campo magnético do Sol possui esse pico de atividade, é comum que as manchas solares sejam acompanhadas de um fenômeno chamado de erupções solares. As erupções acontecem quando as linhas de campo magnético se rompem liberando uma grande quantidade de energia que pode ou não conter partículas de massa solar.
Erupções solares
As erupções solares também são chamadas de flares. Elas são verdadeiras explosões que acontecem quando linhas de campo magnético são momentaneamente rompidas. Essas explosões liberam energia em forma de radiação eletromagnética e também pode ejetar massa solar.Erupção solar do dia 5 de maio de 2015 em diferentes comprimentos de onda.
A ejeção quando escapa do Sol e começa a viajar pelo espaço é chamada de ventos solares. Ventos solares podem ser emitidos em qualquer direção e a sua intensidade depende da quantidade de energia liberada na erupção.
É comum que ventos alcancem os planetas e, inclusive, o planeta Terra. Felizmente, o campo magnético da Terra consegue desviar a maior parte desses ventos que contém partículas e campo magnético. Mas acontece com frequência de parte acabar atingindo os polos do planeta formando o que conhecemos como auroras.
Ventos solares quando chegam na Terra
Todo ano é possível registrar auroras que é justamente quando partículas dos ventos solares interagem com a atmosfera terrestre. Durante a época de pico, é mais comum ocorrer ventos solares e mais provável que chegue na Terra. Quanto mais energético o a erupção que formou o vento, mais intenso será quando chegar à Terra.
Isso significa que quanto mais intenso o vento solar for, mais difícil é para o campo magnético da Terra proteger por completo. Chamamos esses fenômenos de tempestades solares. A pior de todas já registrada aconteceu em 1859 que registros dizem que foi possível observar auroras até próximas do equador terrestre.
Qual é o problema com 2024?
Em muitos lugares estão falando de 2024 como um ano apocalíptico por causa dessas tempestades solares. O motivo é que estamos chegando a um pico de atividade solar que está previsto para acontecer entre 2024 e 2025. A partir do ano que vem, veremos que as manchas solares serão mais frequentes e, consequentemente, erupções solares e tempestades solares.
Esquema dos ciclos do Sol das últimas décadas. Atualmente estamos no ciclo 26 que começou em 2019.
O último pico de atividade solar aconteceu em 2014. Curiosamente, os dois últimos picos foram bem menos intensos comparados com a média registrada durante o século XX mas ainda é cedo para dizer se isso significa alguma mudança ou se é algo natural nas variações de atividade.
Perigo de ficar sem internet?
Alguns falam sobre o perigo de a internet ser interrompida por meses durante 2024 por causa das tempestades solares. Satélites e equipamentos eletrônicos podem ser queimados durante uma tempestade solar mas as erupções são bem monitoradas e os satélites são desviados ou desligados antes do vento solar atingir a Terra.
Por serem bem monitoradas diariamente, é quase impossível que uma tempestade solar chegue até à Terra sem sabermos com antecedência. Além disso, satélites já são lançados com proteção para proteção e há esquema para desviá-los de uma tempestade ou até mesmo de objetos como pedaços de asteroides.
Qual é o verdadeiro perigo?
Não há um perigo direto para a vida na Terra ou para nosso uso da tecnologia. Há, no entanto, alguns inconvenientes que podem acontecer. Um exemplo é o que aconteceu no dia 14 de dezembro de 2023 quando uma tempestade solar interrompeu a comunicação por rádio de aviões.
É possível, apesar de improvável, que durante uma tempestade solar forte o suficiente, satélites possam ser desligados por algumas horas. Mas isso é uma possibilidade extremamente baixa e sempre há mais satélites para compensar, além de parte do fluxo da internet estar em cabos no fundo do oceano.
O que devemos fazer em 2024?
A melhor coisa é não entrar em pânico e lembrar dos anos que chegamos em picos de atividade como 2014 e 2000. Nada de grave acontecerá nesses próximos dois anos relacionados ao Sol já que é um ciclo que a humanidade está acostumada desde o começo.
Poderemos dormir de cabeça tranquila e não nos preocupar. E lembrando sempre que o Sol é monitorado diariamente e 24 horas por dia. Se uma erupção solar forte acontecer, seremos avisados com dias de antecedência e será possível tomar preucações.