Dados da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) apontam que a empresa das famosas antenas Starlink já está ‘operando’ em 50 dos 52 municípios de Rondônia, conforme um levantamento exclusivo feito pelo g1.
A Starlink Brazil Serviços de Internet foi lançada em setembro de 2022, e a empresa tem autorização para operar 4.408 satélites, até 28 de março de 2027, para a fabricante estadunidense de sistemas aeroespaciais, transporte espacial e comunicações: a SpaceX, que tem como um dos fundadores e diretor executivo o empresário Elon Musk.
As antenas de internet contam com uma rede de satélites que orbitam o planeta em baixa altitude, o que torna mais rápida a velocidade de conexão, entre os satélites e o solo. O equipamento permite uma conexão de qualidade em lugares remotos e distantes, onde não há infraestrutura local com cabos e postes.
Atualmente a empresa de Elon Musk já tem clientes privados em 697 dos 772 municípios da Amazônia Legal, formada por Acre, Amapá, Amazonas, Mato Grosso, Pará, Rondônia, Roraima, Tocantins e parte do Maranhão. E somente em Rondônia já está presente em 96% das cidades.
De acordo com dados da Anatel, em janeiro de 2023 haviam apenas 120 antenas Starlink funcionando em Rondônia. A reportagem detectou que houve expressivo avanço nas instalações das antenas no estado.
Um dos maiores grupos empresariais da região Norte, a Rovema, já utiliza internet via satélite há uma década, mas segundo o gerente de tecnologia do grupo, José Ferreira, depois que passou a utilizar o equipamento Starlink percebeu uma melhoria na qualidade de navegação.
Com unidades distribuídas em zonas rurais e em áreas onde os provedores tradicionais ainda não conseguiram alcançar, as antenas Starlink são essenciais para comunicação e acesso à informação no grupo Roverma.
“Atualmente, mesmo em condições adversas como chuva ou nuvens, conseguimos manter a qualidade da conexão em nossas unidades mais distantes dos centros urbanos”, diz José.
Entusiasta da tecnologia, o grupo doou uma de suas antenas para uma escola da rede municipal, a fim de contribuir com a inclusão digital na educação. Em Rondônia, comunidades indígenas também já utilizam o equipamento.
Starlink em ‘mãos erradas’
O equipamento da empresa de Elon Musk possibilita avanços importantes em cidades que não tinham internet de alta velocidade. Mas a expansão da tecnologia também impulsiona atividades ilegais na Amazônia, como aponta o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos (Ibama).
Ao g1, o Ibama informou que as antenas Starlink são encontradas com frequência em áreas rurais e em dragas de garimpo ilegal, durante fiscalizações ambientais, mas que até o momento não foram apreendidos nenhum equipamento Starlink em Rondônia.
O órgão fiscalizador também ressalta que a utilização de internet via satélite, por meio dos criminosos, para comunicação em tempo real em áreas de infrações ambientais, prejudica o trabalho da fiscalização ambiental, tendo em vista a possibilidade de aviso quanto às infrações em flagrantes e quanto à autoria.
O valor inicial da mensalidade Starlink no Brasil é de R$ 185 reais. O kit de instalação custa a partir de R$1.400, mas, de acordo com informações obtidas pela BBC News Brasil, revendedores chegam a cobrar até R$ 5 mil pela antena em locais remotos da Amazônia em grupos de garimpeiros.