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Diagnosticado com ‘demência do pugilista’, Maguila aceitou doar cérebro para pesquisa na USP

Maguila morreu nesta quinta-feira, 24, aos 66 anos; ele foi diagnosticado com encefalopatia traumática 

Após anos de combates intensos e que renderam um cartel multicampeão, o boxeador José Adilson Rodrigues dos Santos, o Maguila, passou a enfrentar, desde 2013, uma de suas maiores lutas, contra um adversário invisível: a encefalopatia traumática crônica (ETC), conhecida como ‘demência do pugilista’, condição neurodegenerativa provocada por anos de repetidos golpes levados na cabeça.

O diagnóstico levou Maguila a assinar, em 2018, uma ‘declaração de vontade’ em que manifestou o interesse em doar seu cérebro à Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP). A lenda do boxe brasileiro morreu nesta quinta-feira, 24, aos 66 anos.

Morre Maguila, ex-peso-pesado e lenda do boxe brasileiro, aos 66 anos

A instituição conta com um grupo que pesquisa as consequências de impactos na cabeça em esportes de alta intensidade, como futebol e boxe. Também já foram estudados os cérebros do zagueiro Bellini, campeão mundial em 1958, e do boxeador Éder Jofre, falecido em 2022.

Segundo a FMUSP, o documento, assinado em vida, deve ter firma reconhecida em cartório em duas vias — uma com o doador ou sua família e outra com a universidade. Após a morte, a família deve registrar um boletim de ocorrência comunicando o falecimento. 

Os familiares, então, notificam o Serviço de Verificação de Óbitos (SVO) — no caso de São Paulo, o serviço fica dentro da própria Faculdade de Medicina. O corpo é levado até o SVO, a declaração é apresentada, e a disciplina de Topografia, que receberá o cérebro, é notificada.

A ETC provoca o declínio cognitivo, alterações de comportamento e problemas de memória. Em 2010, Maguila chegou a receber o diagnóstico equivocado de mal de Alzheimer. Anos depois, chegou a ficar internado por dois anos após ser reavaliado e receber, em definitivo, o diagnóstico de ETC.

Pesquisadores ainda enfrentam muita dificuldade para diagnosticar e acompanhar a evolução da ETC. Avanços científicos, no entanto, já permitem algumas avaliações, como marcadores com a proteína TAU, exames de imagem e retirada do liquor cerebral, fluido que atua como ‘amorteceor’ das estruturas cerebrais.

Se a proteína for encontrada em altas quantidades em determinadas regiões do cérebro, a ETC pode ser confirmada. A expectativa dos especialistas é de que, em breve, marcadores poderão ser identificados em exames de sangue, facilitando a identificação, acompanhamento e o tratamento da condição.
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