O teste de DNA revelou que Victoria foi concebida por inseminação artificial sem consentimento, realizada pelo médico Burton Caldwell

O teste de DNA revelou que Victoria foi concebida por inseminação artificial sem consentimento, realizada pelo médico Burton Caldwell
O que era para ser apenas um exame genético rotineiro se tornou um pesadelo para Victoria Hill, moradora de Connecticut, nos Estados Unidos. Aos 40 anos, ela decidiu fazer um teste de DNA para entender melhor sua história familiar, mas acabou descobrindo que tinha 23 meio-irmãos e que seu pai biológico era, na verdade, o médico que realizou o tratamento de fertilidade de sua mãe.
Desde a infância, Victoria notava que não tinha semelhança com o homem que a criou e, em tom de brincadeira, dizia que poderia ser “filha do carteiro”. As dúvidas se intensificaram quando ela desenvolveu uma condição de saúde que não era comum em sua família. Com o avanço das tecnologias de testes caseiros de DNA, ela viu a oportunidade de esclarecer suas origens, sem imaginar o impacto que isso teria em sua vida.
O exame revelou que Victoria foi concebida através de um procedimento conduzido pelo médico Burton Caldwell, especialista em endocrinologia reprodutiva. Sem o consentimento da mãe da paciente, ele utilizou seu próprio esperma para realizar a inseminação artificial. Caldwell, que faleceu recentemente, está no centro de uma investigação envolvendo várias outras mulheres que podem ter sido vítimas do mesmo método antiético.
O caso ganhou repercussão internacional, e um escritório de advocacia em New Haven, que representa as vítimas, afirmou que outras pessoas também estão descobrindo conexões inesperadas por meio de testes de DNA.
Se a descoberta inicial já era chocante, Victoria não estava preparada para o que viria a seguir. Ao compartilhar sua história com amigos, um ex-namorado da época do colégio decidiu fazer o mesmo teste genético. O resultado revelou algo impensável: ele era seu irmão biológico.
“Foi um momento surreal. Estávamos conversando sobre o assunto e, de repente, ele recebeu a confirmação de que também havia sido concebido pelo mesmo médico. Ficamos em choque”, relatou Victoria em entrevista ao programa “This Morning”.
A situação fez com que ela passasse a questionar suas relações passadas e a maneira como enxerga sua própria história. “Agora olho para qualquer pessoa ao meu redor e penso: ‘E se for meu irmão também?’. Isso mudou completamente minha perspectiva de vida.”
Busca por justiça e mudanças na legislação
Diante do trauma, Victoria se tornou uma voz ativa na luta por regulamentações mais rígidas no setor de reprodução assistida. Segundo ela, casos semelhantes ao seu ocorreram em vários lugares e envolvem mais de 80 médicos que, de forma ilegal e antiética, utilizaram seu próprio material genético em procedimentos de fertilidade.
“Quando confrontei Caldwell sobre o que ele fez, ele simplesmente respondeu: ‘Era o negócio de fazer bebês’. Não demonstrou arrependimento nem empatia”, revelou Victoria.
O hospital Yale New Haven Health, onde o médico trabalhou, afirmou que não tem registros que comprovem envolvimento institucional na conduta de Caldwell. A instituição reforçou que os procedimentos questionados foram realizados em consultório particular, fora de seu controle.