Cientistas querem trazer animais extintos de volta à vida. Entenda!
Ideia é tornar a “desextinção” possível ainda neste século, mas há desafios éticos e tecnológicos
Já pensou se espécies extintas, como os mamutes, voltassem a existir? Os cientistas sim! Uma empresa de biotecnologia norte-americana quer usar engenharia genética para reintroduzir animais extintos há milhares de anos em seus respectivos habitat. A ideia é realizar a empreitada até 2028; contudo, para isso, será necessário superar desafios não apenas científicos, mas também éticos.
Entre os animais que o grupo de defensores da desextinção quer reviver, estão o mamute-lanoso, o lobo-da-tasmânia, o dodô e o pombo-passageiro. O argumento dos pesquisadores é que esse seria um avanço transformador para a humanidade, pois garantiria formas de evitar ondas de extinção em massa, salvando espécies ameaçadas nos dias atuais. Conforme dados da ONG WWF, por exemplo, aproximadamente 20 mil elefantes têm sido mortos na África todos os anos.
Segundo informações do portal G1, alguns dos principais grupos que se dedicam a chamada desextinção são as organizações Revive & Restore e a Colossal Biosciences, além dos projetos Taurus e Quagga. Enquanto a Revive e a Colossal utilizam métodos de engenharia genética, Taurus e Quagga focam em métodos de reprodução seletiva.
QUESTÕES ÉTICAS
Se você já assistiu ao filme Jurassic Park – Parque dos Dinossauros deve ter pensado, logo quando leu a chamada da matéria, que pôr em prática a desextinção não parece uma boa ideia. Embora o roteiro cinematográfico esteja longe da realidade, há muitos pesquisadores que se preocupam com os riscos de proporcionar um futuro no qual seja possível reviver criaturas que habitaram o planeta há milhões de anos.
Esses críticos pontuam que as implicações ecológicas e éticas dessa tecnologia não compensariam os benefícios. Além disso, consideram a ideia contraproducente, já que seria mais fácil e barato investir em preservar as espécies que se encontram em risco atualmente, em vez de desembolsar centenas de milhões de dólares para trazer de volta um mamute, que teria grandes dificuldades de vingar em seu habitat no Ártico, devido às mudanças climáticas.
Há ainda o importante argumento de que, trazer criaturas de volta à vida, poderia lançar no ambiente doenças imprevisíveis causadas por vírus e micro-organismos que se encontram adormecidos no material genético dos animais extintos. O temor é o de que patógenos antigos contaminem espécies atuais, que não possuem imunidade contra eles.
DESAFIO DOS GENOMAS
Ainda que essas e outras críticas fossem ignoradas, os defensores da causa encontram um grande desafio tecnológico: o fato de que a humanidade ainda não possui um genoma completo desses animais extintos.
Conforme aponta Joe Bennett, professor no Departamento de Biologia da Universidade Carleton, a maioria das espécies ressuscitadas teria o DNA predominante de espécies já existentes, pois seria necessário substituir as partes dos genomas desconhecidas pelas conhecidas. Para ele, é uma ilusão esperar que o animal resultante seja igual ao antigo. De acordo com ele, o que resultaria seria uma espécie de animal híbrido.
– A maioria das espécies “ressuscitadas” terá DNA predominantemente de espécies existentes, devido à falta de material genético completo e à necessidade de um pai substituto. No caso do mamute-lanoso, é irreal esperar que um animal que se assemelhe a ele, mas que seja principalmente um elefante asiático, e consiga prosperar no Ártico. Na verdade, essa criatura pode estar mais adaptada à selva asiática, já que a tundra e a floresta tropical são ambientes extremamente diferentes – explicou Joe Bennett ao G1.
TENTATIVA PASSADA
Essa não é a primeira vez que cientistas se dedicam à ideia de trazer espécies extintas de volta à vida. Em 2003, os pesquisadores tentaram reviver um tipo de cabra selvagem chamada íbex-dos-pirenéus. Eles até conseguiram desenvolver um clone com uma amostra de DNA preservada do animal. Chamado de Isabella, o clone sobreviveu apenas alguns minutos depois do seu nascimento.