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Cientistas do Butantan descobrem peptídeos que podem retardar o envelhecimento

Um projeto de pesquisa conduzido no Laboratório de Estrutura e Função de Biomoléculas do Instituto Butantan identificou peptídeos com a capacidade de inibir e ativar a ação da hialuronidase, uma enzima responsável pela degradação do ácido hialurônico no organismo, uma substância que confere firmeza à pele.

Em testes iniciais, foram encontrados peptídeos inibidores da enzima com potencial para o tratamento de rugas na pele e lesões na cartilagem. Por outro lado, os peptídeos ativadores apresentaram potencial para tratar hematomas. O projeto de Iniciação Tecnológica ainda está em fase inicial, mas já demonstra promissoras possibilidades de uso estético e médico, com base nos resultados preliminares.

“Se nossa hipótese for confirmada, poderíamos pensar em um creme antienvelhecimento e até mesmo em medicamentos com potencial para tratar algumas condropatias, que são lesões na cartilagem tratadas com aplicações intra-articulares recorrentes de ácido hialurônico. Outra aplicação possível seria em hematomas, pois trataria o extravasamento de sangue de forma mais rápida, ajudando a evitar possíveis manchas características na pele”, afirma Caio Mendes, estudante de Medicina de 33 anos e autor do estudo, orientado pela pesquisadora científica do Instituto Butantan, Fernanda Portaro, e pelo professor de Medicina da Universidade Nove de Julho, Bruno Duzzi.

A pesquisa, intitulada “Emprego da hialuronidase como ferramenta de triagem para a identificação de peptídeos com potencial biotecnológico a partir do colágeno hidrolisado”, faz parte do programa de bolsas do Programa de Desenvolvimento Tecnológico e Inovação (PIBITI), financiado pelo Centro Nacional de Desenvolvimento Tecnológico (CNPq) e pela Fundação Butantan. O projeto conquistou o primeiro lugar no 5º Encontro dos Alunos de Iniciação Científica e Inovação Tecnológica da Escola Superior do Instituto Butantan, ocorrido em junho deste ano.

A pesquisa também revela a potencial segurança de moléculas peptídicas como agentes terapêuticos, por serem naturais e provenientes do próprio colágeno humano, o que se acredita não causar toxicidade às células humanas.

Com o envelhecimento, a produção natural de colágeno e ácido hialurônico diminui, abrindo espaço para procedimentos estéticos que os repõem artificialmente para rejuvenescer a pele. A hialuronidase, utilizada para reverter preenchimentos de ácido hialurônico, torna-se mais predominante no envelhecimento.

O estudante de Medicina, Caio, buscou inibidores de hialuronidase no colágeno hidrolisado, analisando revisões de literatura que indicavam seu potencial no rejuvenescimento da pele. Ele questionou se o colágeno retardaria a ação da hialuronidase, que acelera o envelhecimento da pele ao degradar o ácido hialurônico.

Para testar essa hipótese, Caio utilizou o veneno do escorpião como fonte de hialuronidase, em colaboração com a expertise do Instituto Butantan. Os resultados indicaram que o colágeno hidrolisado inibiu a ação da hialuronidase, sendo identificados quatro peptídeos com 100% de inibição.

A próxima fase da pesquisa envolve a análise dos dados da espectrometria de massas para selecionar os peptídeos a serem sintetizados, visando testes in vitro e in vivo.