Cientistas chineses criam macaco com dedos fluorescentes
Segundo os pesquisadores, o animal é uma quimera, ou seja, seu corpo contém dois conjuntos distintos de DNA
Éindiscutível que a ciência tenha sido responsável por muitos passos da evolução na humanidade, mas também foi muito cruel no decorrer da história, com experimentos capazes de levantar um verdadeiro debate em torno da ética. Porém, não há consenso sobre os limites éticos dessas experimentações.
Um macaco com dedos fluorescentes e olhos verdes foi desenvolvido por cientistas da Academia Chinesa de Ciências (CAS) utilizando células-tronco. Segundo os pesquisadores, o animal é uma quimera, ou seja, seu corpo é composto por células geneticamente diferentes umas das outras, contendo dois tipos distintos de DNA. Um estudo sobre o experimento foi publicado na revista Cell.
Para o experimento, os pesquisadores chineses criaram nove linhagens de células-tronco utilizando células de embriões com sete dias de vida. Depois, eles fizeram uma série de testes para confirmar que elas eram pluripotentes (com capacidade de se diferenciar de outros tipos de células para criar um animal vivo). As células-tronco foram marcadas com proteína verde fluorescente para que se pudessem determinar quais tecidos cresceram a partir delas.
Em seguida, algumas das células-tronco foram injetadas em embriões de cinomolgo com 4 ou 5 dias de idade e posteriormente implantadas em macacas fêmeas. Das 12 gestações e seis nascimentos, apenas um macaco que nasceu vivo apresentando células fluorescentes marcadas em verde nos dedos das mãos e olhos na coloração verde.
Imagem B: PCR de DNA genômico para detecção de GFP, SRY e actina na ponta da orelha da prole nascida viva e outros tecidos dos fetos abortados. Imagem C: embriões quiméricos no estágio de blastocisto. Imagem D: mostrando os sinais de fluorescência verde em diferentes partes do corpo do macaco quimérico nascido vivo |Foto: Cell/Cao et al.
“Essa pesquisa não só tem implicações para a compreensão da pluripotência em outros primatas, incluindo humanos, mas também tem implicações práticas relevantes para a engenharia genética e a conservação das espécies”, disse Zhen Liu, autor sênior do estudo em comunicado.
“Especificamente, esse trabalho poderia nos ajudar a gerar modelos de macacos mais precisos para o estudo de doenças neurológicas, bem como para outros estudos de biomedicina”, completou Zhen.