Você já deve ter ouvido falar do chamado “chip da beleza”. Como o nome já indica, a fórmula promete milagres na aparência de quem adere: melhores noites de sono, mais disposição para se exercitar – e, consequentemente, mais massa magra –, redução dos sintomas da TPM, pele mais firme, menos celulites e aumento da libido.
Como qualquer alternativa que promete resultados em pouco tempo, o chip da beleza, na verdade, não é tão milagroso assim. No último domingo (16), a cantora Flay expôs para o Fantástico, na TV Globo, os efeitos colaterais do uso do chip para fins estéticos. Em entrevista, ela contou que levou um susto quando seu cabelo começou a cair, sentiu o corpo inchar e viu a pele ganhando cada vez mais acne.
Mas afinal, o que é o chip da beleza?
Procurado principalmente pelo público feminino, o chip da beleza é um implante de hormônios inserido por meio de bastonete de silicone no tecido subcutâneo, logo abaixo da camada mais superficial da pele. Entre os hormônios presentes no chip estão estrógeno, progesterona, testosterona ou gestrinona, com a quantidade de cada um deles variando de pessoa para pessoa.Veja também: Melatonina é solução para insônia? Saiba mais sobre o hormônio
Denise Iezzi, endocrinologista do Hospital Sírio-Libanês, explica que os efeitos do chip no corpo dependem da concentração e composição dos hormônios. Segundo ela, mulheres na menopausa e homens na andropausa podem ter benefícios de reposição hormonal como a melhora de libido, concentração e performance na execução de exercícios físicos.
“Fora desse grupo, nenhum trabalho mostrou esse benefício quando suspende o uso e a depender da dose podemos ter efeitos colaterais severos”, afirma Iezzi. Já as pessoas que não estão passando por uma queda de hormônios e não precisam dessa reposição, podem até usufruir de algumas vantagens, mas os efeitos acabam com o tempo de vencimento do chip.
Os perigos para a saúde
Assim como a cantora Flay, o chip pode ocasionar aumento de peso, queda de cabelo, inchaço, voz grossa, agressividade, distúrbios psíquicos, aumento de clítoris, além do aumento de enzimas do fígado. A longo prazo, dependendo das concentrações, pode aumentar a incidência de câncer de fígado, mama e endométrio.
Iezzi explica que alguns médicos que colocam implantes afirmam que os efeitos negativos não existem mais, pois os hormônios usados são “bioidênticos”. A informação, segundo a endocrinologista, é uma falácia. “O perigo maior está no uso inadvertido para fins errados, principalmente estéticos.”
Em 2021, a Anvisa até proibiu a veiculação de publicidade de produtos com gestrinona no Brasil. Endossando o discurso da Anvisa, o Conselho Federal de Medicina (CFM) proibiu, na semana passada, a prescrição de esteroides androgênicos e anabolizantes com finalidade estética.
Em posicionamento oficial, a Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM) rejeitou “veementemente o uso dos anabolizantes para fins estéticos e de aumento de desempenho físico” e pediu ações regulatórias das autoridades para incluir o hormônio na lista de substâncias sujeitas a controle especial no Brasil, além de aumentar a fiscalização do uso inadequado dos implantes hormonais.