Cheirar lágrimas das mulheres reduz agressividade nos homens, diz estudo
Estudo descobriu que, assim como nos roedores, lágrimas humanas contêm sinal químico que bloqueia comportamento violento em homens; saiba mais
As lágrimas das mulheres contêm substâncias químicas capazes de bloquear a agressividade nos homens. É isso o que constata um estudo publicado nesta quinta-feira (21) na revista PLOS Biology.
Liderada por Shani Agron, do Instituto Weizmann de Ciência, em Israel, a pesquisa partiu de uma hipótese: a de que as lágrimas dos humanos agiriam como as dos roedores. Neste grupo de mamíferos, as secreções das fêmeas têm sinais químicos que podem bloquear a agressão masculina. Esse é um exemplo de quimiossinalização social, um processo que é pouco comum (ou menos compreendido) em humanos.
“As lágrimas humanas contêm um sinal químico que diminui a testosterona masculina, mas sua importância comportamental não estava clara”, escrevem os autores no estudo, notando que a redução da testosterona está associada à redução da agressividade.
Para analisar essa ideia, os cientistas expuseram um grupo de homens a lágrimas emocionais de mulheres ou a soro fisiológico enquanto eles participavam de um jogo em dupla. Essa competição havia sido especialmente projetada para provocar um comportamento agressivo de um jogador contra o outro – no caso, os participantes foram levados a acreditar que havia uma trapaça. Assim, no momento oportuno, eles poderiam se vingar do outro jogador fazendo-o perder dinheiro.
Durante o experimento, os homens eram convidados a cheirar uma solução, a qual poderia ser tanto soro fisiológico quanto lágrimas emocionais de mulheres (seis voluntárias com idades entre 22 e 25 anos ofereceram as amostras). Os homens não sabiam o que estavam cheirando e não poderiam distinguir entre as lágrimas e a solução salina, já que ambas são inodoras.
No fim, os pesquisadores notaram que o comportamento agressivo de busca de vingança durante o jogo caía mais de 40% após os homens cheirarem as lágrimas fornecidas pelos cientistas.
Além disso, imagens de um scanner de ressonância magnética mostraram que duas regiões cerebrais relacionadas à agressão (o córtex pré-frontal e a ínsula anterior) ficavam mais ativas quando os homens eram provocados durante o jogo. No entanto, elas não ficavam tão ativas quando os homens estavam cheirando as lágrimas nas mesmas situações.
“Descobrimos que, assim como nos ratos, as lágrimas humanas contêm um sinal químico que bloqueia a agressão masculina específica. Isso vai contra a noção de que as lágrimas emocionais são exclusivamente humanas”, concluem os autores em nota.