Erik e Erin Eagleman vivem em Basel, na Suíça, com três filhos e um cachorro

Erik e Erin Eagleman vivem em Basel, na Suíça, com três filhos e um cachorro
Mudar dos Estados Unidos para a Suíça com três filhos pequenos foi uma grande aposta para Erik e Erin Eagleman, que viviam em Wisconsin. Mas, após 11 anos morando no país europeu, o casal tinha certeza de que seria um ótimo lugar para criar as crianças.
Em 2023, os Eaglemans deixaram Wisconsin rumo a Basel, no noroeste da Suíça, levando consigo seus três filhos — então com idades entre seis e 12 anos — e o cachorro Schoggi, cujo nome significa chocolate em suíço-alemão. “Sabíamos que era agora ou nunca”, conta Erik .
Casados há cerca de 21 anos, Erik e Erin se mudaram pela primeira vez para a Suíça em 2008, pouco depois do casamento. Foram anos felizes, impulsionados por uma oportunidade de trabalho para Erik, que é designer de bicicletas.
Embora tenham retornado aos EUA para começar uma família, a ideia de voltar à Suíça nunca saiu da cabeça do casal. Erik, inclusive, sempre ficou atento a oportunidades que pudessem levá-los de volta.
No entanto, deixar para trás a rede de apoio no país americano não seria fácil. “Tínhamos amigos incríveis, uma comunidade maravilhosa”, lembra Erin. “Estávamos perto da família… Mas já recomeçamos tantas vezes ao longo do nosso casamento.”
Segundo Erin, foi um alívio saber que não começariam do zero na Suíça, já que tinham amigos por lá.
“Recomeçar em um lugar novo não é fácil”, diz ela. “Às vezes, leva anos para criar laços profundos e realmente se sentir parte da comunidade. […] Mas, ao voltar para a Suíça, já tínhamos essa rede de apoio.”
O casal manteve contato com os amigos que fez durante o tempo no país e sempre voltava para visitas, o que reforçou a sensação de que a vida na Suíça seria melhor para a família.
“Depois de um tempo, já estávamos sentindo falta desse estilo de vida e de morar aqui”, conta Erik, lembrando que a filha nasceu em Basel.
E completa: “Sempre tivemos esse vínculo com a cidade, então voltar parecia natural.”
Outro fator que pesou na decisão foi a preocupação com a violência nas escolas nos EUA. Eles acreditavam que os filhos estariam mais seguros na Suíça.
“Os casos estavam acontecendo cada vez mais perto de onde morávamos”, diz Erik. “Então, parecia certo nos mudarmos para um lugar extremamente seguro, onde estaríamos longe desse tipo de risco.
“Não foi uma fuga, mas sim uma certeza de que estávamos tomando a decisão certa pela segurança. E sendo a Suíça um país neutro…
“Se há um lugar seguro para estar quando as coisas apertam, é aqui.”
Em 2022, antes de tomarem a decisão final, Erik e Erin levaram os filhos para passar um mês no país como um teste.
“Alugamos um apartamento e eu trabalhei remotamente”, explica Erik, reconhecendo que nem todo mundo tem essa oportunidade.
“Vivemos a rotina do dia a dia por um mês… E a resposta das crianças foi extremamente positiva.”
Transição tranquila
“Isso ajudou muito na adaptação. Eles já foram se acostumando com a ideia da mudança, e a transição foi muito mais fácil.”
Assim que Erik conseguiu um novo emprego e o visto de residência temporário, a família decidiu dar o grande passo.
“Foi tudo bem rápido”, ele conta. “Decidimos vender a casa, os carros e nos desfazer do máximo de coisas possível para facilitar a mudança.”
A família está em Basel há cerca de um ano e meio, e Erik e Erin não têm dúvidas de que tomaram a decisão certa.
Embora, no início, tivessem receio de como os filhos lidariam com uma mudança tão grande, hoje garantem que todos estão “se adaptando muito bem.”
“Era exatamente o que esperávamos”, diz Erik, ressaltando que saíram no momento certo. Ele acredita que, se tivessem adiado a mudança, a filha mais velha teria enfrentado muito mais dificuldades.
“Ficamos muito felizes por termos feito isso quando ainda era possível, porque, se tivéssemos esperado só mais um ano, para ela teria sido muito mais difícil.”
Para o casal, um dos maiores benefícios de criar os filhos na Suíça é o incentivo ao aprendizado de uma segunda língua desde cedo.
“Nos Estados Unidos, na maioria das vezes, só se tem essa oportunidade lá pelo nono ano”, explica Erin.
“E quanto mais velho você fica, mais difícil se torna. Por isso, queríamos proporcionar isso aos nossos filhos desde pequenos.”
Atualmente, todas as crianças da família falam alemão, uma das quatro línguas oficiais do país, e o filho mais novo já está pegando o dialeto local.
“O suíço-alemão não é uma língua escrita”, conta Erin. “É só falado. Então acho que ele tem aprendido bastante disso no parquinho.”
Eles também valorizam a independência que os filhos ganharam. A filha de sete anos, por exemplo, já vai para a escola sozinha.
“Nem acompanhamos ela até a porta”, diz Erik. “Ela simplesmente sai, atravessa algumas ruas e chega [na escola].”
Além disso, as crianças voltam para casa no horário do almoço e depois retornam à escola por conta própria.
“A sensação de segurança aqui é muito grande”, acrescenta Erik, destacando que a mudança para a Suíça tornou os filhos “muito mais independentes”.
Outra vantagem é que Basel é uma cidade extremamente acessível para pedestres, incentivando a família a passar bastante tempo ao ar livre.
Prós e contras
Por outro lado, um dos desafios de morar na Suíça é o alto custo de vida. Praticamente tudo, de mantimentos a contas de serviços, é mais caro do que nos EUA.
“Comparado a outros lugares, é realmente muito caro”, comenta Erik. “Chamamos isso de ‘imposto suíço’… Não é um imposto de verdade, mas parece que os preços são inflacionados só porque estamos na Suíça e eles sabem que podem fazer isso.”
A proximidade com a Alemanha e a França acaba ajudando, já que muitas pessoas atravessam a fronteira para comprar itens por um preço mais baixo.
“Mas, quando compramos carne e vegetais produzidos localmente, sabemos que estamos adquirindo produtos de altíssima qualidade”, pondera Erin, explicando que, por isso, a família não costuma comer fora com frequência.
Outro ponto que chamou atenção foi o fato de o cigarro ser muito mais aceito socialmente na Suíça do que nos EUA.
“Se tem uma coisa que os EUA fizeram certo, foi a campanha contra o tabagismo“, diz Erin. “Nossos filhos ficaram chocados: ‘O que eles estão fazendo? Por que estão fazendo isso?’”.
A educação também foi um fator positivo. Para Erin e Erik, as escolas suíças preparam os alunos para a vida profissional bem mais cedo do que nos EUA.
“Nossa filha mais velha tem 13 anos”, conta Erin. “E já está trabalhando em currículos e participando de entrevistas em áreas que interessam aos alunos. É muito precoce.”
Ela também aprecia o fato de as crianças aprenderem mais sobre uma visão global do mundo do que apenas história e atualidades locais.
Outro benefício da vida na Europa é a facilidade de viajar. Recentemente, a família foi para Maiorca, na Espanha, para acompanhar uma competição de natação da filha mais velha.
“Foi incrível poder pegar um voo e ter essa experiência”, diz Erik.
A filha também participa de uma viagem escolar anual para esquiar nas montanhas. “Isso não passa despercebido por nós”, comenta Erin. “Apreciamos muito essas oportunidades, e nossos filhos também.”
No dia a dia, Erik viaja três vezes por semana de trem até Zurique para trabalhar e elogia a eficiência do transporte público.
“Os trens são sempre pontuais, limpos e silenciosos”, destaca.
Estilo de vida diferente
Embora estejam felizes na Suíça, o casal enfatiza que não eram infelizes nos EUA. No entanto, sentem que este é o lugar certo para a família neste momento. “A vida aqui funciona de forma muito organizada”, diz Erik.
Eles acreditam que os filhos estão se beneficiando muito do estilo de vida suíço, passando mais tempo ao ar livre.
“A cultura aqui valoriza muito o contato com a natureza”, comenta Erik. “Essa filosofia é, provavelmente, o que eu mais amo.”
Quando perguntada sobre o que sente falta dos EUA, Erin menciona pequenas coisas, como entrar em uma cafeteria, pegar um café para viagem e sair para caminhar.
“Isso não faz parte da cultura daqui”, explica. “Se você vai a um café, você senta e toma seu café ali… Parece algo bobo, mas sinto falta disso.”
Ela também sente falta da possibilidade de comprar itens em abundância no mercado.
“As embalagens de tudo aqui são bem menores”, diz Erin. “Para uma família de cinco pessoas, isso significa ir ao mercado todos os dias…”
“Por outro lado, gosto de comprar comida fresca diariamente… Mas, às vezes, quando percebo que preciso voltar pela terceira vez no mesmo dia porque esqueci algo, bate aquela saudade.”
Apesar de estarem aprendendo alemão e perceberem progresso diário, ainda não são fluentes. Eles anseiam pelo dia em que conseguirão conversar com desconhecidos com naturalidade.
“A conversa casual é diferente de quando você tem uma pergunta específica para fazer ou precisa de uma informação exata”, diz Erin.
“Eu ainda não cheguei ao ponto de me sentir confortável com isso… No momento, sinto que falo como uma criança pequena.”
Planejando solicitar residência permanente na Suíça no futuro, o casal reconhece que morar fora não é para qualquer um.
Para eles, a experiência tem sido positiva porque encaram tudo com “compreensão e adaptabilidade”.
“Pode parecer fácil pensar que você pode simplesmente transportar sua vida de um país para outro sem mudanças”, reflete Erin.
“Mas as coisas serão diferentes. As pessoas serão diferentes. Se você tiver a mente aberta, não vai se frustrar tanto quando não encontrar exatamente o que procura no supermercado — porque talvez isso nem exista aqui.”