Buraco para o Inferno: O poço de 11km que China está perfurando
Projeto tem objetivos científicos e econômicos, mas precisa enfrentar desafios como alta pressão e temperatura
Um poço cuja profundidade ultrapassa a altura do monte Everest! Essa é a empreitada ousada que a China está realizando no segundo maior deserto de dunas do mundo, o Taklamakan, localizado no noroeste do país. Apelidada de “Buraco para o Inferno”, a perfuração visa chegar a uma extensão de 11,1 mil metros. O motivo? Ampliar o conhecimento geológico sobre as regiões profundas do planeta, e é claro, encontrar reservas de petróleo.
A empresa por trás desse ambicioso projeto é a petroquímica estatal China Petroleum & Chemical Corporation (Sinopec), que iniciou as escavações em junho do ano passado após pedidos do presidente Xi Jinping. A ideia é finalizar o trabalho em 457 dias.
Para ultrapassar mais de dez estratos geológicos e alcançar camadas do período Cretáceo – região que os cientistas estimam ter sido formada há 145 milhões de anos -, são necessárias mais de 2 mil toneladas em equipamentos e máquinas. E os desafios não param por aí: é preciso lidar com as altas pressões e temperaturas nas profundezas da Terra, além do elevado teor de enxofre.
– Referindo-se às 13 dificuldades de engenharia na perfuração, como alta temperatura, alta pressão, espessura da camada de cascalho, espessura da camada de sal e danos no revestimento, coeficiente de pressão de água salgada e alto teor de enxofre, a Bacia de Tarim ocupa a primeira posição no mundo em termos dessas sete dificuldades de classe mundial. A dificuldade de construção do projeto de perfuração pode ser comparada a um grande caminhão dirigindo em cima de dois cabos de aço finos – destacou Sun Jinsheng, acadêmico da Academia Chinesa de Engenharia, à CCTV.
Até o momento, o maior poço já escavado no planeta está na Rússia, com uma profundidade de 12,2 mil metros. A perfuração, feita pela antiga União Soviética, levou quase duas décadas para ser concluída, tendo sido finalizada no ano de 1989. Embora não pretenda ultrapassar a profundidade da perfuração russa, a empreitada chinesa pode atingir o recorde de velocidade na escavação. O país visa concluí-la em setembro deste ano.