Apesar de ter trabalhado no SBT de 2011 até 2020 e ser considerada uma ‘descoberta’ de Silvio Santos, Rachel Sheherazade não se manifestou publicamente sobre a morte do comunicador.
Apresentadora apenas repostou um aviso de que a estreia de seu programa na Record seria adiada.
A jornalista publicou uma imagem de uma ovelha com óculos escuros e deixou um questionamento na legenda. “E você? Segue a manada ou faz seu próprio caminho?”
Trajetória de Rachel no SBT
Sheherazade foi contratada após Silvio Santos ver um vídeo em que ela criticava o Carnaval e o uso do dinheiro público nas comemorações para “garantir o circo à população miserável”. Na época, ela trabalhava na TV Tambaú, na Paraíba.
Em 2014, na bancada do SBT, ela chegou a defender ataques dos chamados “justiceiros”. O grupo agrediu um adolescente a pauladas e o prendeu nu em um poste, com uma trava de bicicleta.
Rachel também ganhou apoio de bolsonaristas. Em 2016, na Jovem Pan, ela afirmou que “feministas” queriam “distorcer as palavras” e “manchar a reputação” do político após Bolsonaro afirmar que “não estupraria” a deputada Maria do Rosário porque ela “não merecia”.
Mas, em 2018, aderiu à campanha #EleNão nas redes sociais e criticou o posicionamento de Bolsonaro. Com isso, perdeu o apoio de seus seguidores.
Bronca de Silvio no Troféu Imprensa
Em 2017, Silvio disse na premiação que Sheherazade não tinha sido contratada para dar opiniões políticas. “Você começou a fazer comentários políticos no SBT e eu pedi para você não fazer mais. Você foi contratada para ler as notícias, e não para dar sua opinião. Se quiser fazer política, compre uma estação de TV e faça por sua própria conta”, disse Silvio na época.
Rachel rebateu dizendo que foi contratada para opinar, mas Silvio negou, dizendo que chamou a jornalista para “ler notícias no teleprompter e não para dar opinião. “Na internet, você pode fazer o que quiser”
Silvio entregou o Troféu Internet para Sheherezade e disse: “Você ganhou dos internautas. Merece. E merece continuar quietinha.”
Rachel foi demitida do SBT em 2020
Rachel disse que foi demitida por e-mail. Na época, a jornalista falou sobre o assunto em um vídeo no YouTube: “O SBT me comunicou através de um e-mail que, a partir de hoje, segunda-feira, 27 de setembro, eu não precisaria mais voltar à emissora e apresentar o SBT Brasil.”
Rachel e SBT decidiram não renovar contrato, mas não deu detalhes. “Infelizmente, não tive oportunidade de me despedir dos meus telespectadores, colegas, dos meus amigos que fiz na emissora. Por isso, estou tentando fazer agora. Não posso citar todos os nomes, mas vou sentir muita falta de vocês.”
Durante sua participação em A Fazenda 15, a jornalista citou ter sido repreendida por opiniões dada na emissora.
A jornalista afirmou que levou uma advertência por opinar a favor do povo palestino enquanto atuava como âncora no SBT Brasil (SBT). “Eu fiz um comentário sobre a questão israelense-palestina, o conflito árabe-israelense. E eu levei um ‘chama’ [chamada de atenção] porque o dono da emissora era judeu.”
Processo
Sheherazade processou o SBT para ter seu vínculo de emprego reconhecido. Contratada como pessoa jurídica, ela não teria recebido benefícios como décimo terceiro, férias e FGTS, além dos reajustes salariais. A princípio, ela exigia uma indenização de cerca de R$ 20 milhões — mas o valor foi reajustado pela Justiça.
A emissora, por sua vez, nega que a jornalista tenha sido sua funcionária. No processo, afirma ter estabelecido com ela uma relação jurídica “sem qualquer subordinação ou exclusividade”.
No ano passado, o SBT foi condenado a pagar a indenização, mas a decisão foi revertida pelo STF.
O ministro Alexandre de Moraes derrubou a decisão que obrigava a emissora a indenizá-la. Foi o próprio SBT quem levou a questão à corte superior, após ser condenado no Tribunal Regional do Trabalho.
Ela também processou a emissora por danos morais. Em 2017, no palco do Troféu Imprensa, Silvio Santos disse a Sheherazade que ela não foi contratada para dar opiniões políticas.