Assim como em ‘Twisters’, é possível um ser humano parar um tornado?
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Os tornados ocorrem em diversas partes do mundo, mas são especialmente frequentes nos Estados Unidos. Ao longo do século passado, essas impressionantes manifestações da natureza têm sido frequentemente representadas em filmes, assumindo papéis centrais nas tramas. Um dos exemplos mais relevantes é o clássico “Twister”, lançado em 1996.
Agora, passados 28 anos, os cinemas estão exibindo “Twisters”, uma espécie de sucessor do filme original, que explora a mesma fascinante e perigosa atração dos tornados.
A premissa principal de “Twisters” gira em torno da ideia intrigante de que os seres humanos poderiam intervir diretamente nos tornados. No filme, é sugerido que seria possível lançar produtos químicos na tempestade para absorver a umidade tropical que alimenta o tornado, essencialmente “desligando” o funil. Mas será mesmo possível parar um tornado? Quanto do filme é baseado em ciência real?
Um poderoso fenômeno natural
A formação de tornados ocorre quando ventos rápidos e lentos, juntamente com uma mistura de ar quente e frio de diferentes altitudes e direções, colidem e fazem com que o ar comece a girar horizontalmente. Esse movimento rotacional resulta em uma supercélula, uma tempestade massiva.
À medida que o ar quente ascendente encontra o ar frio descendente, ele ganha impulso, transformando o giro horizontal em um movimento vertical que culmina na criação de um tornado.
Desse modo, os tornados são fenômenos de uma magnitude impressionante. Apesar de a maioria durar menos de um minuto, eles possuem uma força comparável a várias bombas atômicas, conforme explicado por Robin Tanamachi, professora associada de ciência atmosférica na Universidade Purdue.
O propósito de um tornado é ajudar a natureza a liberar rapidamente a energia acumulada. “É essencial lembrar que tanto furacões quanto tornados têm a função de aliviar rapidamente o desequilíbrio de energia na atmosfera”, explica Tanamachi.
Tanamachi destaca que, mesmo hipoteticamente, a instabilidade atmosférica ainda precisaria ser liberada de alguma maneira. “Se não for por meio de um tornado ou furacão, será através de outro mecanismo. Talvez o furacão ou tornado se forme em outro local. Ou, em vez de várias tempestades menores, pode surgir uma única tempestade de grandes proporções.”
É possível explodir um tornado?
A verdadeira altura de um tornado, considerando todo o sistema de circulação nas nuvens, chega a aproximadamente 12 km. A largura típica de um tornado é de cerca de 650 metros. A energia contida nessa coluna de ar é comparável à liberada por uma bomba atômica de Hiroshima a cada segundo, segundo Robin Tanamachi.
Para neutralizar completamente a circulação associada a um tornado que dura um minuto, seria necessário o equivalente a 60 dessas bombas.
“Liberar essa quantidade de energia na atmosfera, junto com os estilhaços e subprodutos de uma arma nuclear, não é uma ação aconselhável. Os alunos geralmente percebem que essa abordagem não é apenas impraticável, mas também extremamente desaconselhável. Tentar mitigar tornados explodindo-os é uma ideia que não deve ser considerada”, afirma Tanamachi.
Para secar um tornado seria preciso construir um Sol
Quando o vapor de água no céu se condensa em gotas líquidas ou cristais de gelo, ele libera calor, que é o combustível das tempestades e tornados. Em teoria, remover a umidade do ar poderia interromper esses sistemas meteorológicos, mas isso exigiria uma tecnologia impraticável. “Precisaríamos basicamente de um Sol em miniatura para fazer isso de maneira eficaz”, afirma Tanamachi.
Imaginar a remoção de umidade do ar é semelhante a limpar um derramamento de água com uma toalha de papel. Embora seja possível em pequena escala, aplicar essa ideia a uma tempestade inteira é inviável. Mesmo espalhando produtos químicos para absorver a umidade, a aplicação seria tão extensa que não seria prática, conforme observa Tanamachi.
A atual pesquisa em geoengenharia não oferece soluções viáveis para controlar tempestades. Cameron Homeyer, diretor interino da Escola de Meteorologia da Universidade de Oklahoma, explica que não há tecnologia capaz de manipular os processos dessas tempestades.