Aluno que esfaqueou colega em escola no PA pesquisava crimes similares no celular da mãe
Vítima do ataque está internada em estado grave; agressor sofria bullying, diz mãe
O adolescente responsável pelo atentado em uma escola de Belém nesta quinta-feira, que deixou um aluno em estado grave, era vítima de bullying na escola onde estudava. Além disso, segundo o inquérito do caso, o jovem vinha utilizando o telefone da mãe para pesquisar informações sobre atentados desse tipo no Brasil, como o ocorrido na Escola Estadual Thomazia Montoro, na Zona Oeste de São Paulo, em que um aluno matou uma professora também com golpes de faca.
A vítima do ataque está internada em estado grave. A mãe do adolescente que cometeu o atentado relatou que ele não apresentava comportamento agressivo. Professores do jovem, por outro lado, teriam constatado que ele fazia uma série de desenhos relacionados à “morte” em seus cadernos. A mãe afirmou ter repreendido esse comportamento e chegou a rasgar e queimar um caderno do filho por conta dos registros.
Ainda segundo o relato da mãe, o comportamento introspectivo do garoto seria resultado do bullying que ele sofria de outros adolescentes na vizinhança.
A mãe do agressor contou ter recebido a informação do atentado por meio de um grupo em um aplicativo de mensagem. Por saber que o filho estudava no local, ela decidiu ir até a unidade. Ao chegar lá, ela conta que foi informada pela polícia que o filho era o responsável pelo ataque.
— Nunca passou pela minha cabeça que ele seria capaz de fazer isso. […] Eu sinto muito pela mãe que teve o filho machucado […]. Eu quero pedir perdão a essa mãe, de coração, porque poderia ser o meu filho, podia ser o contrário, meu filho ter sido esfaqueado. E eu sinto as duas dores. Peço a Deus que nada seja grave — relatou a mãe, que não foi identificada. — É um menino que estudava, super prestativo com os outros, muito dedicado. Quem conhece ele sabe como ele é. Ele não é agressivo.
Secretário de Educação do Pará, Rossieli Soares afirmou que as aulas na unidade irão retornar na próxima segunda-feira. Por conta do ocorrido, uma série de ações foram planejadas para serem implementadas nas escolas com intuito de impedir que casos como esse não se repitam.
Rossieli afirma que a prioridade é fomentar um “processo de escuta” junto à comunidade, para que ações sejam pensadas e executadas em conjunto entre pais, alunos, professores e demais envolvidos.
Segundo ele, haverá contratações de profissionais que atuem na área psicossocial, para acompanhamento de alunos e de profissionais da área, tanto nas escolas como à distância.
Também haverá reforço policial, incluindo agentes da reserva, para o reforço do policiamento, aumentando a ostensividade de rondas escolares.
— O atentado acelerou alguns processos. Precisamos olhar para essas consequências socioemocionais. Uma série de outras medidas são fundamentais. A gente tem um processo de discussão com a própria rede, para chegar aos pais, com informação — afirmou.
Rossieli destacou que é importante que pais e responsáveis acompanhem os conteúdos aos quais os filhos estão tendo acesso na internet. Ele ressalta ser fundamental que haja atenção para o que classifica como “influências externas”, que seriam responsáveis por fomentar casos de violência.
— Tem o efeito de espalhar o medo, porque os alunos passam a não querer ir à escola com medo do que pode acontecer. E vai levando isso para todos os demais estudantes. Deve ter um tratamento para o agressor, ele tem uma característica específica. Tem que levar um apoio específico à família. O mesmo para a vítima e para todos os demais colegas da escola, que também são vítimas — disse Soares.