Já sabemos que a perda de dentes pode impactar a saúde, mas um novo estudo publicado na revista científica Neurology aponta que a falta de higiene bucal tem consequências ainda maiores do que se pensava, e pode ter relação com a atrofia de uma parte importante do cérebro: o hipocampo, responsável pela memória.
Para chegar a essa descoberta, o estudo contou com a análise de 172 pessoas após exames dentários e ressonâncias magnéticas. Ao todo, o acompanhamento levou quatro anos, e a equipe ainda mediu o volume dos hipocampos dos participantes, além dos tecidos gengivais deles.
Estudo liga falta de higiene bucal com atrofia cerebral
A ideia era verificar se os voluntários tinham periodontite, uma infecção gengival grave que danifica as gengivas e pode destruir o osso maxilar. Os responsáveis pelo estudo perceberam que o número de dentes e a gravidade da doença gengival eram diretamente proporcionais a mudanças no hipocampo esquerdo do cérebro.
No caso das pessoas que não tinham a doença, a perda dentária mostrou uma relação direta com o encolhimento da região cerebral em questão. No entanto, entre as pessoas diagnosticadas com doença gengival grave, ter mais dentes significou um encolhimento mais rápido dessa mesma área do cérebro.
“Esses resultados destacam a importância de preservar a saúde dos dentes. As descobertas sugerem que a retenção de dentes com doença gengival grave está associada à atrofia cerebral. Controlar a progressão da doença gengival por meio de visitas regulares ao dentista é crucial, e dentes com doença gengival grave podem precisar ser extraídos e substituídos por dispositivos protéticos apropriados”, afirmam os pesquisadores.
Como prevenir a periodontite?
Os sintomas da periodontite podem incluir gengiva inchada, em cores como vermelho vivo, vermelho escuro ou roxo escuro, sensível ao toque e com sangramentos recorrentes. Um sinal é quando a escova de dentes parece rosa depois da escovação. Cuspir sangue ao escovar os dentes ou ao passar fio dental também pode indicar a doença.
Mau hálito, pus entre os dentes e gengivas, perda de dentes, mastigação dolorosa e espaços que se desenvolvem entre os dentes que se parecem com triângulos pretos também representam sinais.
Para prevenir a periodontite, os especialistas recomendam escovar os dentes por dois minutos pelo menos duas vezes ao dia, de manhã e antes de dormir, e usar fio dental pelo menos uma vez ao dia, além de passar fio dental antes de escovar os dentes. As visitas regulares ao dentista também são necessárias, então a dica é consultar o dentista regularmente para limpezas, geralmente a cada 6 a 12 meses.
Falta de higiene bucal pode levar ao Alzheimer
Em paralelo, um estudo publicado na Journal of Neuroinflammation na segunda-feira (10) lançou um alerta sobre a periodontite e a formação de placa amilóide, uma característica da doença de Alzheimer. Segundo o artigo, a doença pode levar a alterações nas células cerebrais chamadas células microgliais, responsáveis por defender o cérebro da placa amilóide.
Vale salientar que a placa é um tipo de proteína que está associada à morte celular e ao declínio cognitivo em pessoas com Alzheimer. O estudo fornece informações importantes sobre como as bactérias orais chegam ao cérebro e o papel da neuroinflamação na doença.
As células microgliais que os pesquisadores estudaram são um tipo de glóbulo branco responsável pela digestão da placa amilóide. Na ocasião, a equipe usou bactérias para causar gengivite em ratos de laboratório e então rastrear a progressão da doença para confirmar que a bactéria havia viajado para o cérebro.
Anteriormente, estudos já tinham apontado que a falta de higiene bucal pode afetar o cérebro e que a causa do Alzheimer pode vir de dentro da boca.