Cientistas da Universidade de Porto, em Portugal, conduziram uma pesquisa alarmante que aponta para a possibilidade de a Terra entrar em um estado caótico irreversível devido ao impacto das atividades humanas no sistema climático.
O estudo, baseado em teorias de supercondutividade, revela que há um ponto crítico além do qual será impossível restaurar o equilíbrio climático do planeta.
Publicado em abril de 2022 no servidor de pré-publicação arXiv e aguardando revisão pelos pares, o artigo ressalta que um nível finito de atividade humana pode resultar em um “Hothouse Earth” (Terra Estufa), do qual não há retorno.
Os efeitos das mudanças climáticas, como secas, ondas de calor e fenômenos extremos, são amplamente conhecidos, porém, se o Sistema Terrestre entrar em um comportamento caótico, perderemos todas as esperanças de solucionar esse problema, alerta o físico Orfeu Bertolami.
O estudo aborda a proposta de uma nova época geológica, o Antropoceno, em que a atividade humana tem causado um impacto significativo no sistema global da Terra, composto pela geosfera, biosfera, hidrosfera e atmosfera. Os pesquisadores modelaram a transição do Holoceno para o Antropoceno como uma transição de fase, usando a teoria de Ginzburg-Landau, originalmente desenvolvida para modelar supercondutividade.
As transições de fase são comuns na natureza, e pesquisas anteriores mostram que é possível prever mudanças climáticas por meio desse modelo. Os resultados indicam que podemos seguir uma trajetória relativamente previsível, levando a um clima estabilizado com uma temperatura média mais alta do que a atual, o que já traz consequências graves para os seres humanos e animais.
Porém, no cenário mais extremo, a Terra entraria em caos, com flutuações sazonais e eventos climáticos extremos imprevisíveis, impossibilitando mitigar e recuperar um clima estável.
Os pesquisadores enfatizam que a transição para um clima caótico não é inevitável, mas é preciso considerá-la como uma possibilidade real para desenvolver estratégias eficazes de mitigação das mudanças climáticas e gestão do sistema terrestre no futuro.
Com base em um mapa logístico, que descreve o crescimento limitado de variáveis, como a quantidade de carbono na atmosfera, eles estudaram diferentes trajetórias possíveis da atividade humana e como isso afetaria o clima da Terra.
Enquanto os cientistas continuam a analisar os dados e a aprimorar os modelos climáticos, os resultados desse estudo nos lembram da urgência de agir e promover mudanças significativas em nossos hábitos e políticas em relação ao meio ambiente.