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DE ONDE VEM A ÁGUA QUE EXISTE SOBRE O PLANETA TERRA?

Uma das principais preocupações dos ambientalistas com o nosso planeta é a água. Conforme poluímos boa parte dela e usamos a outra indiscriminadamente, esse recurso pode vir a faltar — como já acontece em muitos lugares, diga-se de passagem.

Mas será que a água é mesmo um recurso finito? Isto é, toda a água está aqui desde que o mundo é mundo? Para responder a essa pergunta, precisamos nos fazer outra: de onde vem a água que cobre mais de 70% da superfície do planeta, afinal de contas?

De onde veio a água que existe hoje?

Durante muito tempo, se pensou que a água da Terra — algo único no nosso Sistema Solar — fosse resultado de choques com asteroides, durante a formação do planeta. A água estaria no interior desses corpos celestes e foi trazida por eles, portanto.

Mas um estudo recente, publicado em abril de 2023 na revista renomada Nature, indicam uma origem bem diferente para a nossa água. Ela seria resultado de reações químicas na atmosfera da então jovem Terra, que era riquíssima em hidrogênio.

Para chegar a essa conclusão, os cientistas fizeram uma infinidade de cálculos baseados no estudo dos exoplanetas — os planetas fora do nosso Sistema Solar. Contudo, resumindo bastante, eles usaram uma hipótese de que o planeta era um pouco maior do que a ciência imaginava (o suficiente para ter uma atmosfera rica em hidrogênio), e as contas bateram.

Exoplanetas jovens costumam ter essa riqueza na atmosfera durante seus primeiros milhões de anos. Esse elemento reagiu com os metais que hoje formam o magma do interior do planeta, mas também ajudaram a criar os oceanos que temos na superfície. Além disso, é só estudar a água presente nos cometas e asteroides que passam por aqui para saber que ela tem uma composição diferente da nossa. Logo, ela não veio dos asteroides.

Respondida a essa pergunta, ainda resta outra.

Desde então, nova água se formou no planeta?

Essa questão pode ser mais filosófica do que propriamente química. Afinal, tudo depende do que consideramos “nova água”.

De certa maneira, nova água é criada até pelos nossos corpos. Quando processamos alguma molécula de açúcar no organismo (C6H12O6) utilizando oxigênio, isso se dissolve em energia para viver — além de algumas moléculas de dióxido de carbono e outras moléculas de água.

Parte disso sai na urina e outra parte na expiração. Nós expiramos meio litro de água em vapor, todos os dias. Reações desse tipo acontecem por todo o planeta, com todas as espécies. Além disso, é bem provável que as reações entre o magma e hidrogênio, que citamos anteriormente, aconteçam até hoje. E esse novo H2O pode chegar à superfície de diversas formas, como pela atividade vulcânica.

Por outro lado, também podemos dizer que essa água não é exatamente nova. Afinal, para que algum ser vivo (ou não-vivo) “produza” água, ele precisa respirar ou se alimentar por uma fonte que utiliza o H2O que já estava por aí no planeta. E se o magma reage com hidrogênio, trata-se de magma e hidrogênio que estão aqui desde sempre.

O mesmo acontece quando pensamos na água das chuvas: conforme o H2O evapora dos rios, oceanos e da própria terra, ele sobe pela atmosfera na forma de vapor. Quando a temperatura abaixa o suficiente, a água volta a ser líquida e cria nuvens — que, quando ficam pesadas, nos trazem chuvas. Então o ciclo se completa.

Pensando dessa maneira, toda a água que existe no planeta hoje se originou de moléculas que também estavam aqui desde o início. A Terra é um sistema bem fechado que se renova e nada se cria, tudo se transforma.