Americano mordido em briga de família contrai bactérias “comedoras de carne”
Morador da Flórida desenvolveu condição chamada fasceíte necrotizante depois de tentar apartar discussão e ser mordido por familiar na coxa esquerda
O assistente funerário Donnie Adams, de 53 anos, residente do subúrbio de Riverview, em Tampa, no estado norte-americano da Flórida, tentou apartar uma briga durante uma reunião de família, na qual acabou tendo a coxa esquerda mordida por um parente.
Com isso, Adams sofreu uma infecção bacteriana grave e inesperada, gerada por bactérias “comedoras de carne”. Ele quase perdeu a perna e poderia ter morrido, segundo o site NBC News.
O paciente deu entrada em um pronto-socorro em fevereiro com uma protuberância na coxa. Voltou para casa vacinado contra tétano e medicado com antibióticos, mas a lesão piorou nos dias seguintes, ficando vermelha e dolorida ao toque.”No terceiro dia, a perna estava inchada, estava muito quente e tive problemas de mobilidade e tudo mais”, relatou Adams, ao NBC News.
Conforme o médico que tratou o paciente, Fritz Brink, especialista em tratamento de feridas da HCA Florida Healthcare, a coxa “quase parecia uma casca de laranja por causa do inchaço que estava embaixo dela”.
Brink detalha que Adams foi mordido enquanto tentava separar a briga entre dois familiares. “Quando o vi no hospital, ainda dava para ver as marcas de mordida em sua coxa”, disse o médico. “Fez marcas de dentes. Fiquei muito convencido de que ele estava contando uma história verdadeira”.
Em 19 de fevereiro de 2023, o assistente funerário foi levado às pressas para a sala de cirurgia do HCA Florida Northside Hospital em São Petersburgo para uma primeira intervenção cirúrgica. Vários dias depois, Adams passou por uma segunda operação. Ele só recebeu alta por volta da segunda semana de março.
Brink estima que removeu cerca de 60% da pele na frente da coxa esquerda do paciente para impedir que a infecção se espalhasse. A partir daí usou um aparelho a vácuo para fechar a ferida, que cicatrizou em cerca de três meses.
Segundo explica o médico, Adams sofreu de uma condição chamada fasceíte necrotizante. Ele disse que geralmente vê um caso dessa infecção uma vez por mês ou a cada dois meses.
A doença é causada por várias cepas de bactérias, incluindo estreptococos do grupo A e outros microorganismos encontrados na água, sujeira ou saliva. Os micróbios entram no corpo através de uma ruptura na pele, invadem e matam o tecido sob a pele que envolve os músculos, nervos, gordura e vasos sanguíneos.
A boca humana contém centenas de bactérias diferentes, mas é raro os médicos verem pacientes com uma mordida humana — muito menos uma que se desenvolva em uma infecção com risco de vida, segundo conta Brink.
A teoria do médico sobre o caso de Adams é que ele provavelmente desenvolveu uma infecção não grave que se aprofundou em seus tecidos moles até atingir seu músculo e “foi capaz de simplesmente decolar”.
O paciente mordido relata que provavelmente precisaria de uma amputação se tivesse demorado mais um ou dois dias para procurar ajuda.”Eu teria perdido minha perna se tivesse esperado até o dia seguinte com base em como a infecção estava crescendo naquela região”, disse ele. “Foi uma tempestade silenciosa”.
Adams usou um andador para se locomover por cerca de um mês após sua alta do hospital, mas agora está andando sem dor e sem mancar. Apesar do que passou, ele diz que “família é tudo” e que, “às vezes as coisas acontecem nas famílias”.
“Sou um homem de fé. As pessoas podem ser perdoadas e é assim que me sinto sobre isso”, afirma o norte-americano. “Foi um evento familiar que deu errado entre duas pessoas e mesmo que eu tenha me metido e me machucado, isso não significa que vou odiar minha família por causa disso”.