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Mãe que “doou” bebê em Santa Catarina diz que teve um “surto”

Nathalia Gaspar falou em “pressão” e “manipulação”

Mãe do menino que desapareceu em Santa Catarina e foi achado em São Paulo, Nathalia Areias Gaspar diz que doou o seu bebê durante um “surto”. Ela alega ter sido alvo de “pressão” e “manipulação”, e que só se deu conta da gravidade do que ela havia feito depois da entrega de Nicolas Areias Gaspar, de 2 anos.

– Eu tive um surto e resolvi entregar a criança, mas sem pensar que poderia ser uma quadrilha de tráfico ou algo do tipo – declarou ela à TV Globo.

Nathalia entrou em um grupo no Facebook de adoção ilegal, em que mulheres que pensam em doar seus bebês interagem com famílias interessadas. Foi por meio dessa página que ela conheceu Marcelo Valverde Valezi a dois anos atrás.

Em um primeiro momento, Marcelo manifestou desejo de ficar com o bebê de Nathalia. Posteriormente, ele desistiu e resolveu intermediar o contato de Nathalia com uma mulher que queria a criança, Roberta Porfírio de Souza Santos.

Foram dois anos de conversa com Marcelo. Nas trocas de mensagens, Nathalia se mostrava dividida entre querer criar o bebê, e ao mesmo tempo não se sentir emocionalmente e financeiramente capaz. Ela diz sofrer de depressão e ansiedade.

– Ele [Marcelo] falava muito que se eu botasse uma criança no mundo para sofrer, aquilo ia me gerar carma, gerar carma na criança, então ele foi usando tudo o que ele podia – assinalou.

ENCONTRO

Por fim, Nathalia resolveu marcar um encontro com Roberta e Marcelo, e um carro a buscou no estacionamento de um supermercado. A mulher afirma que teve de tomar “a decisão ali mesmo”, e alega ter cedido por já estar com eles, pela “pressão e pela manipulação”.

Ela pediu para passar a noite em um hotel, pago por Roberta, e retornou para casa no dia 1° de maio, enquanto seu filho foi levado por eles para São Paulo.

– Foi ali, naquele momento, que começou infelizmente a cair a ficha do que eu realmente tinha feito. E foi aonde, no outro dia, eu atentei contra minha própria vida, né? – declarou Nathalia.

A polícia encontrou Roberta e Marcelo na última segunda-feira (8) em Tatuapé, na Zona Leste da capital paulista e os prendeu em flagrante. Marcelo alega que a ideia seria uma “adoção à brasileira”, em que o pedido judicial pela guarda só ocorre após a entrega do bebê. Ele afirma que sua intenção era apenas “ajudar”.

Nicolas foi levado de volta à Santa Catarina, onde ficará em abrigo institucional a ser indicado pela Vara da Infância da Comarca de São José, responsável pelo caso.