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Google está monetizando desinformação no YouTube

Um relatório descobriu que o Google continua exibindo anúncios em conteúdos com informações enganosas sobre mudanças climáticas

Há mais de um ano, o Google prometeu que não venderia mais anúncios de conteúdos que rejeitam ou negam a ciência e as mudanças climáticas. Ainda assim, um grupo da coalização Climate Action Against Disinformation (CAAD) publicou um relatório nesta terça-feira, 2 de maio, mostrando que a empresa promoveu centenas de vídeos monetizados que propagavam desinformação.

Desinformação

O relatório feito pela coalizão, que reúne mais de 50 organizações sem fins lucrativos, apontou para 100 vídeos diferentes no YouTube. Todos contém conteúdos falsos ou que vão contra à ciência no que diz respeito às mudanças climáticas, e todos têm anúncios do Google. Assim, a empresa viola sua própria política de combater a desinformação.

O CAAD define desinformação como conteúdo enganoso, mas também inclui falsos argumentos, como o de que “nada por ser feito para combater a mudança climática”, ou supostas soluções ineficazes. Já alguns dos vídeos monetizados pelo Google contém simplesmente informações falsas e enganosas, que se enquadram na política limitada da empresa.

O Google está apoiando a desinformação climática que eles dizem querer parar… A desinformação persiste porque é lucrativa, e a Big Tech precisa remover esse incentivo.Erika Seiber, porta-voz da organização sem fins lucrativos Friends of the Earth (membro do CAAD), em comunicado à imprensa.

Políticas de anúncios e desinformação do Google

  • Em outubro de 2021, a big tech havia anunciado que atualizaria seus anúncios e políticas de monetização em conteúdos sobre mudanças climáticas.
  • O Google disse que a nova política “proibiria anúncios e monetização de conteúdo que contradiz o consenso científico bem estabelecido sobre a existência e as causas das mudanças climáticas”.
  • Ainda, segundo a empresa, isso inclui conteúdos que se referem às mudanças climáticas como uma farsa ou fraude, bem como “alegações que negam que as tendências de longo prazo mostram que o clima global está esquentando e alegações que negam que as emissões de gases de efeito estufa ou a atividade humana contribuam para a mudança climática”.
  • Uma reportagem do The Verge, porém, descobriu que um dos vídeos destacados no relatório de desinformação ainda continha um anúncio.
  • O conteúdo negando a ciência promovido pelo Google era do canal The Heartland Institute, um think tank conservador famoso por rejeitar o consenso científico sobre mudanças climáticas.

Lucro do Google

O Google lucrou ao monetizar conteúdos de desinformação. Ao todos, os vídeos analisados pelo relatório tinham mais de 73,8 milhões de visualizações em 17 de abril deste ano, e os anúncios eram de grandes marcas, como Tommy Hilfiger, Nike, Hyundai e Costco.

A empresa até chegou a incluir um anúncio com um link da Organização das Nações Unidas explicando a mudança climática em um dos vídeos. Em outros, porém, não tinha nada.

Ao final da reportagem do The Verge, o Google afirmou ter revisado a lista de vídeos do relatório do CAAD e removido os anúncios. A empresa alegou que a política é rigorosa, “mas a aplicação nem sempre é perfeita”.

Depois do comunicado, o vídeo da The Heartlant Institute continha outro anúncio, dessa vez para a campanha do presidente Joe Biden.

Com informações de The Verge