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Dezenas de hipopótamos morrem envenenados por antraz no Congo

Pelo menos 50 animais foram encontrados mortos no Parque Nacional Virunga, disse a instituição nesta terça-feira (8)

Ao menos 50 hipopótamos e outros animais de grande porte foram encontrados mortos no Parque Nacional Virunga, no leste da República Democrática do Congo, vítimas de envenenamento por antraz, uma doença bacteriana grave.

Os corpos foram vistos flutuando ao longo do Rio Ishasha, que atravessa a região e deságua no Lago Edward, um dos grandes lagos da África.

As informações foram divulgadas nesta terça-feira (8) pelo diretor do parque, Emmanuel de Merode, em declarações à agência de notícias Reuters e confirmadas por fontes da BBC.

Segundo De Merode, testes laboratoriais confirmaram a presença de antraz como causa das mortes, que também atingiram búfalos na área.

A origem exata do surto ainda é desconhecida, mas a bactéria Bacillus anthracis, responsável pela doença, é encontrada naturalmente no solo e pode infectar animais selvagens por inalação de esporos em água, plantas ou terra contaminados.

As primeiras carcaças começaram a aparecer há cerca de cinco dias, alertando os guardas do parque. Imagens divulgadas pelo Parque Virunga mostram os hipopótamos imóveis, alguns de lado ou de costas no rio, enquanto outros ficaram presos entre a vegetação nas margens lamacentas.

O parque, que abriga atualmente cerca de 1.200 hipopótamos, vinha se esforçando nas últimas décadas para recuperar a população da espécie, dizimada por caça ilegal e guerras – de mais de 20 mil indivíduos, restavam apenas algumas centenas em 2006.

Propagação da doença

Equipes do parque estão mobilizadas para retirar os corpos da água e enterrá-los com soda cáustica, na tentativa de conter a disseminação da doença. No entanto, a falta de equipamentos, como escavadeiras, e as dificuldades logísticas em uma região de acesso restrito complicam o trabalho. “Temos os meios para limitar a propagação, mas é difícil devido à falta de infraestrutura”, disse De Merode à Reuters.

O Rio Ishasha, que forma a fronteira entre o Congo e Uganda, atravessa uma área controlada por grupos rebeldes, o que agrava a situação. Milhares de combatentes de diferentes milícias disputam o controle dos recursos naturais da região, e muitos guardas florestais já perderam a vida defendendo o Parque Nacional Virunga.

O Instituto Congolês para Conservação da Natureza emitiu um alerta à população local, recomendando evitar o contato com a vida selvagem e ferver a água de fontes próximas antes do consumo. Embora o antraz não se espalhe facilmente entre humanos, ele pode ser fatal se não tratado.