Cientistas analisam peixe anfíbio para descobrir por que seres humanos piscam
Pesquisa sugere que piscar é uma adaptação da vida na terra, que ocorreu há cerca de 375 milhões de anos
Piscar é algo que nós humanos fazemos constantemente ao longo do dia, muitas vezes sem nem perceber. Apesar de ser uma ação sutil, piscar é realmente bastante complexo e também muito importante para a saúde e segurança dos olhos.
Por isso, pesquisadores buscam entender como surgiu este traço ao longo da evolução dos animais. Eles acreditam que a mudança permitiu a transição da vida na água para a terra há cerca de 375 milhões de anos.
“A transição para a vida na terra exigiu muitas mudanças anatômicas, incluindo mudanças na alimentação, locomoção e respiração”, explica Thomas Stewart, professor-assistente de Biologia na Penn State, que conduziu o estudo com Brett Aiello, professor-assistente de Biologia na Seton Hill University. O resultado foi publicado em abril no “Proceedings of the National Academy of Sciences“.
Estudar como esse comportamento evoluiu pela primeira vez tem sido um desafio porque as mudanças anatômicas que permitem piscar ocorrem principalmente em tecidos moles, que não são bem preservados no registro fóssil.
Para superar este desafio, os pesquisadores estudaram o mudskipper, um peixe da família Oxudercidae. Esses peixes anfíbios evoluíram de forma totalmente independente de nossos próprios ancestrais peixes. Por isso, os cientistas acreditaram que o piscar desses animais pudesse revelar por que os humanos e outros quadrúpedes piscam.
O que eles descobriram é que os mudskippers piscam para manter seus olhos úmidos, limpos e protegidos – assim como nós.
No entanto, esses animais não precisaram de novos músculos ou de glândulas lacrimais para desenvolver esse comportamento. Com isso, a pesquisa mostra que sistemas anatômicos podem ser adaptados para desenvolver um novo comportamento, o que sugere que o piscar é uma adaptação da vida na terra.
O piscar nos mudskippers parece ter evoluído por meio de um rearranjo dos músculos existentes, que mudaram sua linha de ação, e também pela evolução de um novo tecido, o copo dérmico. Esse é um resultado muito interessante, porque mostra que um sistema muito rudimentar, ou básico, pode ser usado para conduzir um comportamento complexo.