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“Roupa incompatível”: Projeto quer impor novas regras ao vestuário de professores

Proposta cita o caso da professora trans Emy Mateus Santos, filmada vestida de Barbie na sala de aula

Após uma professora trans se vestir como a personagem Barbie em sala de aula, em Campo Grande (MS), o deputado estadual de Minas Gerais Cristiano Caporezzo (PL) apresentou um projeto de lei para proibir o uso de “roupas incompatíveis” por professores no estado.

A proposta, que abrange docentes de escolas públicas e particulares, menciona diretamente vestimentas que “enfatizem a opção sexual privada do docente ou atentem contra a moral e os bons costumes”. No documento, o parlamentar bolsonarista propõe restringir o uso de “roupas extravagantes que chamem a atenção das crianças para a sexualidade do docente, como, por exemplo, vestimentas de travestis, queers, drag queens e similares”.

Além disso, o projeto também proíbe professores de comparecerem à sala de aula “sem roupas, com roupas curtas, de banho, apenas roupas íntimas ou análogas”, sob a justificativa de que tais trajes poderiam desviar a atenção dos alunos.

A justificativa da proposta cita o caso da professora trans Emy Mateus Santos, filmada vestida de Barbie no primeiro dia de aula na Escola Municipal Irmã Zorzi, em Campo Grande, enquanto recebia alunos de 6 a 7 anos. O episódio gerou polêmica e levou a Secretaria de Educação a abrir um processo de averiguação.

Diante da repercussão, Emy Santos, de 25 anos e há um ano na rede municipal de ensino, se manifestou nas redes sociais. Segundo ela, a escola incentivou os professores a se fantasiarem no primeiro dia de aula.

“Sou uma profissional, uma educadora, estudei para isso. Sou uma mulher trans, sou travesti. Essa é minha identidade. Arte é arte. Foi um dia especial na escola. Meu plano de aula está correto, tudo planejado com muito cuidado, trabalhando a criatividade e a imaginação das crianças! Tenho meus documentos retificados, tenho diploma, tenho família e sou muito respeitada, porque minha vida é lutar por um mundo melhor e sem preconceito! Espero que a justiça seja feita!”, declarou a professora.