Comunicação de Lula tem tentado amenizar revolta com novas regras de fiscalização
A insatisfação de grande parte dos brasileiros em relação às novas regras de fiscalização da Receita Federal e o monitoramento das transferências via Pix geraram uma dor de cabeça para o governo. Isso porque a polêmica ocorre justamente em um momento no qual a gestão Lula (PT) tenta fazer ajustes na comunicação a fim de melhorar a sua imagem perante o público, chegando até mesmo a mudar o comando da Secretaria de Comunicação da Presidência (Secom).
Antes liderada pelo deputado federal Paulo Pimenta (PT-RS), a Secom passará a ser chefiada pelo marqueteiro Sidônio Palmeira. Ele assume o cargo a partir desta semana com um desafio pela frente: recuperar a popularidade do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) até as eleições de 2026.
Sidônio, contudo, já chega em um contexto de grande polêmica: a do endurecimento das fiscalizações da Receita Federal. Agora, movimentações bancárias via Pix que somarem ao menos R$ 5 mil mensais para pessoas físicas e R$ 15 mil para pessoas jurídicas serão obrigatoriamente reportadas pelas instituições de pagamento para a Receita Federal.
A situação causou grande insatisfação, visto que parte da população atua de modo informal e faz “freelas” a fim de complementar a renda, usando o sistema de pagamentos em tempo real do Banco Central (BC), o chamado Pix, em suas transações. Para evitar problemas com o Fisco, muitos dos trabalhadores informais precisarão se registrar e citar rendimentos de outras fontes no seu Imposto de Renda.
A fim de amenizar as críticas que vem recebendo, o Ministério da Fazenda tem feito uma série de postagens em suas redes sociais, defendendo que as mudanças serão direcionadas aos “grandes sonegadores” de impostos, não à classe média. O assunto é destaque no perfil da pasta no X, que chegou a fixar um vídeo do ministro Fernando Haddad negando que o governo taxará o Pix, a compra de dólares e os cidadãos que possuem animais de estimação, frisando ainda que o sigilo bancário segue garantido.
🚨 Atenção!🚨 Nos últimos dias, temos visto circular muitas mentiras sobre impostos que não existem!❌💰
O Ministro da Fazenda, Fernando Haddad, fez um alerta importante: não há criação de imposto sobre o uso do Pix, sobre a compra de dólares ou sobre animais de estimação!💵💳 pic.twitter.com/JmkMnsJGHN
O governo chegou a recorrer a memes para tratar da situação, incluindo uma postagem no último domingo (12), em que exibiu um cãozinho correndo junto de legendas pedindo que o público “não caia” em fake news. A ideia de abordar o tema de forma lúdica não se mostrou bem-sucedida, visto que muitos internautas disseram considerar a peça publicitária inadequada, por se tratar de um assunto sério.
Outra tentativa de minimizar a insatisfação foi feita em um vídeo gravado pelo próprio presidente Lula, no qual ele aparece fazendo uma transferência de R$ 1.013 para ajudar a quitar a Arena Corinthians e negando que o governo irá taxar o Pix.
Hoje, fiz um PIX para ajudar o Corinthians a pagar sua dívida e aproveitei o momento para desmentir as fake news que estão circulando nas redes sociais. Compartilhe a verdade. O governo não vai taxar as transações via PIX.
Apesar dos esforços do governo para desfazer a má impressão, diversos internautas seguem reagindo negativamente nas postagens:
– Dos mesmos criadores de “a taxação é para as empresas, não para o consumidor” – disse um usuário do Instagram.
– Ah sim… igual as compras de menos de 50 dólares – declarou um usuário, lembrando o novo imposto sobre produtos importados.
– O Pix não vai ser taxado, mas quem trabalha e recebe um ou dois salários mínimos, e durante o mês faz uns bicos com muito sacrifício, e se todo o trabalho árduo passar de R$ 5 mil, ele vai ser taxado – declarou mais um.
