Velório é interrompido após bebê de 8 meses de idade se mexer
Menina, porém, acabou sendo declarado morta novamente em hospital
Um caso incomum aconteceu neste final de semana em Correia Pinto, em Santa Catarina. Uma bebê de oito meses de idade, que teve o óbito declarado na madrugada deste sábado (19), foi retirada do próprio velório horas mais tarde após fazer alguns movimentos e apresentar sinais vitais, mas foi novamente declarada morta ao voltar ao hospital.
De acordo com a Prefeitura de Correia Pinto, a menina teria, inicialmente, dado entrada na Fundação Hospitalar Faustino Riscarolli por volta das 3h de sábado, mas o atendimento realizado pela equipe plantonista do local teria constatado o óbito da criança. Por volta das 4h20, uma funerária foi chamada para realizar os cuidados com o corpo da menina.
– A gente recebeu atestado de óbito do médico, doutor me passou. Lá a gente passa na porteira do hospital, faz o protocolo de recebimento da D.O. [declaração de óbito], assina o nome do agente funerário, nome de quem retirou, o nome da criança e o nome da funerária que recebeu isso e levamos para a funerária – relatou Áureo Arruda Ramos, proprietário da Funerária São José.
E prosseguiu:
– A família foi em casa buscar roupa. Trouxeram a roupa, deu um bainho nela. Não tem a mesma preparação de um adulto. Vestiu a roupa, colocamos na urna. Por volta de 6h15 mais ou menos o corpinho estava pronto. Foram chamar a avó da bebê, que mora próximo do interior. Ficamos com a bebê. O velório começou 7h – completou Ramos.
O proprietário da funerária disse que voltou a ser chamado pela família da menina para o velório da bebê por volta das 18h, quando atendia a um outro óbito na cidade vizinha de Lages. Segundo ele, os familiares relataram que a menina parecia estar viva porque apertava uma das mãos. Ele orientou que a família chamasse os bombeiros ou algum médico do hospital que declarou o óbito.
– Eu recebi uma ligação quando estava próximo a Correia Pinto dizendo que achavam que a bebê estava viva porque puxava a mãozinha do bebê. Parece que o bebê puxava uma mão, apertava a mão – disse.
Por volta das 19h, a prefeitura informou que a criança foi novamente levada ao hospital pelo Corpo de Bombeiros, com relato de sinais de saturação. A equipe médica atendeu a criança e voltou a constatar o óbito. No entanto, a diretora-geral da Fundação Hospitalar Faustino Riscarolli acionou o Instituto Geral de Perícias (IGP), que realizará a análise e emitirá o laudo conclusivo da morte da menina.
O Corpo de Bombeiros, por sua vez, disse ter sido chamado ao velório por volta das 19h e relatou que os agentes constataram, ao chegar no local, que já havia um farmacêutico que usava um oxímetro infantil para verificar o quadro de saturação de oxigênio e de batimentos cardíacos na criança. Os sinais também teriam sido checados com o auxílio de um estetoscópio.
De acordo com os bombeiros, os batimentos da criança estavam fracos, mas existiam. A corporação também fez um teste nas pernas da bebê, e elas não apresentavam rigidez. Foi diante desses sinais que os agentes levaram a bebê ao hospital. Ao chegarem ao centro médico, conforme os bombeiros, a menina passou por novos testes, que resultaram em 84% de saturação e 71 batimentos por minuto.
Em seguida, a menina passou por um exame de eletrocardiograma, mas ele não detectou sinais elétricos.
Em nota, a Prefeitura de Correia Pinto disse que, em nenhuma circunstância, qualquer profissional pode emitir atestados “sem a devida constatação das condições do paciente”. O Ministério Público de Santa Catarina (MPSC) afirmou que pediu apuração das circunstâncias da morte da bebê.
O QUE DIZ O PAI DA CRIANÇA
Em entrevista a um portal local, o pai da menina, Cristiano Santos, relatou que durante o dia do velório eles perceberam que a menina estava com sinais vitais e que era possível sentir que ela puxava as mãos.
– No velório, notamos que a menina estava bastante quente o dia todo. Quando você pegava na menina, sentia as puxadas que ela dava na mão. Liberaram o corpo dela quase às sete horas [da manhã]. Por volta das duas e meia, três horas da tarde, começamos a notar que a menina estava dando sinais vitais – disse.
Cristiano disse ainda que quer entender o que realmente aconteceu entre o traslado até o hospital e o segundo atestado de óbito, quando a menina foi retirada do velório e levada até o hospital novamente.
– Não deixaram ninguém embarcar na ambulância, nem pai, nem mãe, ninguém, nenhum responsável. Pegaram e vieram. Quando chegamos aqui no hospital, entraram, fecharam a sala e não deixaram ninguém entrar. Fecharam tudo, não sei qual procedimento fizeram lá. Depois de uma meia hora, vieram dizendo que não conseguiram pegar nenhuma pulsação – finalizou.