Haddad: “Quem não paga imposto tem que voltar a pagar”
Ministro revelou alguns de seus planos para segunda parte da reforma tributária
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou, nesta quarta-feira (24), que o governo Lula (PT) fará o que for “necessário para colocar o país em ordem e com justiça social”. Nesse sentido, ele defendeu o crescimento do país e a inserção do pobre no orçamento, mas destacou que “quem não paga imposto, tem que voltar a pagar” para que as contas fiquem “equilibradas”.
– Vamos entregar um orçamento fiscal para o ano que vem bastante consistente, com base no trabalho que vem sendo feito desde o ano passado. Como o presidente Lula não cansa de frisar: vamos fazer o que for necessário para colocar o país em ordem e com justiça social. Não queremos prejudicar o crescimento, não queremos prejudicar os mais pobres, o pobre tem que estar no orçamento, mas quem não paga imposto tem que voltar a pagar. Senão a gente não equilibra as contas – declarou o ministro em entrevista à GloboNews.
Na ocasião, Haddad adiantou algumas das propostas que fará ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva para a segunda etapa da reforma tributária.
– Vamos entregar alguns cenários de como vemos a oportunidade de fazer a reforma para melhorar a distribuição da renda e, se possível, promover ou o aumento das taxas de isenção ou uma diminuição da alíquota do imposto sobre consumo – disse.
O ministro também defendeu a criação de uma Secretaria Extraordinária da Reforma Tributária e culpou o Congresso pelo Brasil não ter conseguido alcançar a meta de déficit zero este ano. Haddad apontou como um dos motivos a não aprovação do fim da desoneração da folha de pagamento de 17 setores e de municípios.
TAXAÇÃO DOS SUPER RICOS
Durante reunião ministerial de apresentação da proposta brasileira pela Aliança Global contra a Fome e a Pobreza no G20, o ministro voltou a falar sobre a cobrança de impostos para grandes fortunas.
Segundo Haddad, a falta de uma cobrança aos super ricos faz com que no “topo da pirâmide”, os sistemas tributários “sejam regressivos e não progressivos”, o que torna a cobrança de impostos desigual entre as camadas sociais.
Haddad citou um estudo do economista Gabriel Zucman que diz que um imposto de 2% para os super ricos geraria uma arrecadação entre 200 bilhões e 250 bilhões de dólares (aproximadamente R$ 1,4 trilhão) para enfrentar a fome e a pobreza no mundo.
Inclusive, o governo brasileiro contratou Zucman para elaborar uma proposta para taxação dos “super ricos”, uma proposta do governo federal que deve ser usada para a redução da pobreza no mundo.