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O que é o “sangue dourado” e por que ele é tão raro?

Saiba o que é o sangue dourado e suas principais características. Veja também os cuidados

Você já ouviu falar em sangue dourado? Este é o tipo sanguíneo mais raro do mundo, caracterizado pela ausência completa de antígenos Rh nos glóbulos vermelhos. Em outras palavras, essas células sanguíneas não possuem nenhum antígeno Rh, tornando esse sangue extremamente especial e raro.

Segundo uma matéria da BBC de 2019, apenas cerca de 40 pessoas em todo o mundo possuem Rh nulo. Esses indivíduos enfrentam dificuldades significativas quando precisam de transfusões de sangue, já que encontrar um doador compatível é extremamente complicado.

Curiosamente, no cenário nacional, dois casos de Rh nulo foram registrados, de acordo com dados do Ministério da Saúde.

Quais são as características do sangue dourado?

Em entrevista ao site CEJAM, a Dra. Maria Cristina Pessoa dos Santos, hemoterapeuta chefe de agência transfusional do Hospital da Mulher Mariska Ribeiro, explicou as principais características do sangue dourado.

Os variados tipos sanguíneos são determinados pelos antígenos que eles carregam, que são proteínas que marcam presença nos glóbulos vermelhos. Atualmente, há 44 sistemas de grupos sanguíneos reconhecidos, agrupando 354 antígenos de hemácias.

Essas classificações são cruciais, pois determinam de quem um indivíduo pode receber ou para quem pode doar sangue, com base na presença ou ausência desses antígenos.

No Brasil, o tipo A é o mais comum, seguido pelo tipo O. Os tipos B e AB são menos comuns. “Estudos indicam que apenas 8% da população brasileira possui sangue tipo B, com uma incidência ainda menor para o tipo AB”, explica a Dra. Maria Cristina.

Quando ocorre esse fenômeno?

O sangue dourado acontece quando as hemácias não possuem nenhum antígeno RHD, tornando-o especial e potencialmente perigoso para seus portadores.

“Sem o fator RH, o indivíduo seria, teoricamente, o verdadeiro doador universal, uma vez que seu sangue não terá conflito com os antígenos existentes nos outros tipos sanguíneos, desde que seja respeitado o sistema ABO. No entanto, suas hemácias têm uma vida média mais curta e apresentam um certo grau de anemia. Eles só devem doar para outras pessoas com o mesmo fenótipo, o que, devido à sua raridade, pode representar um grande risco à sua vida”, alerta a Dra. Maria Cristina.

Esse tipo de sangue ocorre quando ambos os pais possuem a mutação genética. No Brasil, houve um caso de duas irmãs, uma residente no Rio de Janeiro e outra em Juiz de Fora, Minas Gerais, que fazem parte do grupo com Rh nulo. Elas são monitoradas pela equipe do Cadastro Nacional de Sangue Raro (CNSR), que reúne informações de doadores raros nos hemocentros públicos do país.

Cuidados necessários

Por último, a doutora comenta que pessoas com sangue dourado precisam ter sua saúde acompanhada de perto, visto que existe risco de desenvolverem anemia por causa da fragilidade da estrutura dos glóbulos vermelhos.

Ela aconselha o congelamento das hemácias de tipos raros de sangue, para assegurar uma reserva para possíveis casos de transfusão.

*Com informações de CEJAM