O projeto que prevê a taxação de 20% para compras até US$ 50 (ou R$ 265) em sites e apps chineses foi aprovado no Senado na noite desta quarta-feira (05). Por ter sido alterado, terá que voltar para votação na Câmara dos Deputados. Depois, o texto segue para aprovação ou veto do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Desde março do ano passado o governo tenta taxar sites e aplicativos que vendem produtos do exterior no Brasil, como Shopee, Shein, AliExpress e outros.
Até a implementação do Remessa Conforme, em 1º de agosto de 2023, as compras limitadas a US$ 50 eram isentas da cobrança do imposto de importação. Com o Remessa, passou-se a cobrar 17% de Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Prestação de Serviços (ICMS) sobre essas compras – que é um tributo estadual. Com a aprovação, o governo deve conseguir agora adicionar uma taxação de 20% nas compras internacionais de até US$ 50.
Como as varejistas nacionais devem reagir?
Com isso, as ações de empresas nacionais vêm sofrendo. Mas nesta quinta-feira (6), quase todas estão subindo. Na primeira hora do pregão, apenas C&A (CEAB3) está no negativo, caindo 1,03%, indo para R$ 9,61. Magazine Luiza (MGLU3) avança 4,02%, indo para R$ 12,68. Lojas Renner (LREN3) tem alta de 2,5%, para R$ 13,18. Casas Bahia (BHIA3) valoriza 1,28%, para R$ 6,35. Guararapes/ Riachuelo (GUAR3) sobe 0,56%, para R$ 7,24 e Petz (PETZ3) ganha 1,98%, para R$ 3,61%.
Mas a maioria está no negativo no acumulado do ano.
Confira:
Como a decisão influencia as ações?
Taxar os sites e aplicativos de importação é uma demanda por parte das varejistas brasileiras. O setor mais beneficiado deve ser o de vestuário. “Principalmente o focado em um público de média e baixa renda. A concorrência chinesa está impactando os resultados dessas empresas que acabam disputando esse tipo de público e acaba comprando das chinesas que têm subsídios e conseguem praticar preços muito inferiores ao Brasil”, diz Andre Fernandes, diretor de renda variável e sócio da A7 Capital.
Para ele, o nivelamento da tributação entre empresas nacionais e estrangeiras traria uma competição mais saudável. “O consumidor final pode começar a dar preferência para os produtos produzidos no Brasil, já que podem estar com preços parecidos, mas com um prazo de entrega menor”.
No final, os produtos em geral ficam mais caros. Os produtos dos sites chineses vão ficar tão caros quanto os das varejistas nacionais, diz Daniel Teles Barbosa especialista da Valor Investimentos. Isso pode, no final, afastar o consumidor dos dois tipos de canais de venda.
Mas nem todo mundo é a favor da taxa. “O certo seria trazer mais eficácia para a produção brasileira, e não taxar os importados”, diz Alvaro Bandeira, Coordenador da Comissão de Economia da Associação dos Analistas e Profissionais de Investimentos do Mercado de Capitais (Apimec Brasil).
O que mais influencia o setor?
Os juros ainda têm grande impacto sobre as vendas. “O setor de Varejo continuou pressionado em maio pela abertura da curva de juros – consequência principalmente da diminuição do ritmo de corte de juros pelo Banco Central”, publicou o Banco do Brasil sobre as empresas de comércio.
A expectativa do mercado é que o BC pare de cortar os juros e mantenha o juro inalterado por alguns meses. Como a taxa atual — 10,25% ao ano – ainda é muito alta, isso afasta o consumidor que precisa parcelar para poder comprar.
Até quando vai essa crise?
Pode haver agora um respiro para as varejistas nos próximos meses. É o que diz o relatório do BB. “Em sua maioria, as variáveis macroeconômicas estão positivas para o setor, com expansão do crédito, aumento da massa de renda real, e queda da taxa de desocupação, que podem, em conjunto, ajudar no impulsionamento do consumo das famílias.”
É hora de comprar ações de varejo?
Ainda não. A maioria das ações tem recomendação neutra: melhor não comprar, nem vender. Isso porque ainda é possível que os juros voltem a subir. A pressão de alta nos preços, provocada pelo mercado de trabalho aquecido e pela inflação de serviços, pode fazer o BC voltar a corrigir a Selic para cima. E isso prejudicaria as empresas desse ramo.
A XP, por exemplo, tem recomendação neutra para MGLU3, LREN3, BHIA3 e GUAR3. A classificação é de compra apenas para CEAB3 e PETZ3. C&A tem preço alvo de R$ 12, o que geraria ganhos de 25,13%. Petz, que custava no dia 05 de maio, R$ 3,59, pode chegar a R$ 4,50, um ganho potencial de 25,35%.
Para o BTG, entretanto, Magazine Luiza e Lojas Renner podem ser uma boa compra. O preço alvo para as ações de Magalu, porém, não foi atualizado. Para Renner, pode passar dos atuais R$ 12,90 para R$ 22.
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