A importância de separar o amor do dinheiro em um relacionamento
Nenhum amor é à prova de finais. Por isso, é bom estar com as finanças organizadas
Já ouvi na voz de Roberto Carlos, Gal Costa, Gilberto Gil, Ney Matogrosso e do próprio autor, Caetano Veloso. Como Dois e Dois é, para mim, uma daquelas músicas que a cada temporada interior nos conta um segredo diferente. Desta vez, resolvi comparar com a vida financeira, por que não?
Da falta de dinheiro à separação de bens — tudo o que muitas vezes nos tira o sono, arranca lágrimas, força para alguma exposição nas redes sociais. Aliás, não têm sido poucas as celebridades que estão levando as suas histórias de conflito financeiro com ex-companheiros para seus seguidores.
Meu amor,/ Tudo em volta está deserto/ Tudo certo,/ Tudo certo como/ Dois e dois são cinco
Vivemos a todo tempo — a todo tempo mesmo — em terreno desconhecido onde incertezas não deveriam habitar. Há sempre algo mais profundo acontecendo sob a superfície do que somos capazes de avistar ou sentir.
Amor x dinheiro
Na prática, na força do ódio e no bom português, poderíamos traduzir de certa forma assim: “te amo, mas o dinheiro é meu” e, se tudo acabar, “não te amo mais e quero a minha parte”. Vale mesmo defender o que é seu, brigar, processar, expor — e não julgar ninguém se algo nesse sentido transbordar! Ufa!
A renomada autora e ativista bell hooks reposiciona o amor como uma força capaz de transformar todas as esferas da vida: a política, a religião, o local de trabalho, o ambiente doméstico e as relações íntimas. Para ela, o amor não está dado, ele é construção cotidiana, que só assumirá sentido na ação, o que significa dizer que precisamos encontrar uma definição de amor e aprender a praticá-lo.
Creio eu que também precisamos construir novos significados para o dinheiro em nossas vidas amorosas e exercitar essa relação com mais sabedoria na sociedade do hoje.
Tudo isso pode parecer subjetivo demais, compreendo. Ao mesmo tempo, as histórias tangíveis são tantas. Me lembro da amiga, e da amiga da amiga, que, apenas ao se separar, descobriu que parte dos bens estava apenas no nome do marido e nunca havia se atentado para o regime de matrimônio, o de separação total de bens.
Embora ela também tenha investido na construção e na decoração da casa nova da família, teve direito a um número total de zero tijolos. Até o carro que ela achava ser a única dona estava exclusivamente no nome do ex. Sim, todos os contratos precisam ser analisados, na saúde e na doença, na alegria e na tristeza, na riqueza e na pobreza, até que a morte — ou qualquer outro motivo, ou vontade — os separe.
Garanta o seu
E, por falar em futuro, firme um acordo com si mesma, seja em uma carta selada à vela, um papel guardado no móvel de cabeceira, um rabisco no bloco de notas ou um documento arquivado na nuvem. Alguns tópicos são básicos e precisam estar detalhados: a reserva de emergência, o seguro de vida e a aposentadoria.
O dinheiro da reserva deve ser o suficiente para você viver com autonomia financeira por pelo menos seis meses. Saiba o valor das indenizações do seguro em caso de doenças graves. Saiba o quanto você precisa acumular para ter uma renda mínima para quando não mais puder ou quiser trabalhar. Afinal de contas, tudo está certo como dois e dois são cinco. Tudo está sob controle… até, de repente, não estar mais.