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Médica suspeita de enganar pacientes com diagnósticos de câncer é gravada retirando falso melanoma

Esta médica está sendo investigada por ter enganado pacientes ao emitir falsos diagnósticos de câncer e realizar cirurgias desnecessárias

Uma médica está no centro de uma investigação por supostamente ter enganado pacientes ao emitir falsos diagnósticos de câncer e realizar cirurgias desnecessárias. Carolina Fernandes Biscaia Carminatti, de Pato Branco, sudoeste do Paraná, foi gravada em uma consulta, comemorando a retirada de um falso melanoma de uma paciente.

No áudio obtido com exclusividade pelo g1 Paraná, Carolina é ouvida expressando gratidão a Deus pela suposta remoção bem-sucedida do melanoma fictício. “Não sei se você é católica ou não, mas passa na igreja agradece a Deus, tem coisas assim que a gente tem que agradecer, sabe?”, disse a médica à paciente.

O inquérito contra Carolina investiga a suspeita de que ela tenha utilizado laudos falsos de câncer de pele. Segundo a polícia, pelo menos 22 vítimas denunciaram a médica.

O delegado Helder Lauria, responsável pelo caso, afirmou que a gravação da consulta “ajuda a comprovar o alegado pela vítima, pois confirma as palavras ditas pela médica”.

De acordo com a investigação, Carolina examinava pintas e manchas dos pacientes durante as consultas, afirmando que algumas delas poderiam ser cancerígenas. Posteriormente, ela realizava a retirada de material e encaminhava para um laboratório.

Na reconsulta, a médica apresentava aos pacientes laudos falsos com diagnósticos de câncer de pele e realizava procedimentos invasivos, como a ampliação de margem, retirando um maior pedaço de pele na área suspeita.

A defesa da médica informou ao g1 que “o caso está em sigilo judicial e, assim que notificada, a médica irá contribuir com a investigação, a fim de esclarecer os fatos junto às autoridades”.

A gravação da consulta foi feita pela vítima em janeiro de 2024 por precaução, após encontrar inconsistências no laudo apresentado por Carolina comparando com o documento retirado diretamente no laboratório.

Carolina disse à paciente que ela estava com “70% de células malignas” e a incentivou a não se preocupar com a cicatriz resultante do procedimento. “Agora, a gente vai pegar essa lesão aqui e fazer tanto a ampliação radial que é lateral, tanto a ampliação profunda. Então, assim vai ficar uma cicatriz pouquinho maior, mas isso não é nada perto do que poderia ser”, disse a médica.

Além disso, Carolina afirmou que estava ligando para todos os pacientes que ela supostamente diagnosticou com câncer de pele para realizarem procedimentos semelhantes.

Nas redes sociais, Carolina se apresenta como dermatologista, especialidade que não possui, segundo o Conselho Regional de Medicina do Paraná (CRM-PR). Por essa razão, ela recebeu punição com censura pública pelo conselho.

Agora, o CRM investiga a suspeita de emissão de laudos falsos pela médica. Criminalmente, se for comprovada a fraude, ela pode responder por estelionato e lesões corporais, com penas que somadas podem chegar a 6 anos de prisão.

Com informações de G1