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Dia da mentira: Existe mentira do bem? Entenda como elas impactam nossa vida

Especialista explica que as mentiras têm funções importantes para os seres humanos

O dia 1º de abril, tradicionalmente conhecido como o Dia da Mentira, é marcado por pegadinhas, brincadeiras e piadas. Mas uma coisa é fato, o ato de mentir não ficou somente restrito a essa data e se tornou um hábito socialmente comum que permeia diversas esferas da nossa vida.

Origem do 1º de abril

Essa data começou a ser propagada na França, no século 16 e tem um simbolismo histórico por trás.

Na idade média, o calendário que era chamado de gregoriano tinha algumas diferenças do calendário que utilizamos. Naquela época, na França o ano “virava” no dia 1º de abril, portanto, a semana que antecede a data era a de comemoração do Ano Novo, isso segundo o calendário Juliano. Mas, quando o rei Carlos IX decidiu adotar o formato moderno, no ano de 1564, demorou para que a população de fato acreditasse nele.

Como o novo calendário já estava decretado, aqueles que foram resistentes à essa troca de data receberam o apelido de “bobo de abril”.

Essas pessoas eram alvo de diversas piadas e brincadeiras, desde convites para festas de ano novo imaginárias, como também presentes e cartões de comemoração. Por isso, dali para frente o 1º de abril ficou conhecido como o Dia da Mentira e se espalhou por todo o mundo.

Mas será que todas as mentiras podem ser consideradas ruins? Será que existem mentiras do bem? Ou quais são os tipos de mentiras e como elas podem impactar diretamente nossa vida?

As mentiras na vida humana

Em entrevista ao Portal da RedeTV!, o psiquiatra e especialista em Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC), Eduardo Perin, explica que as mentiras têm funções importantes para os seres humanos e que em alguns momentos são parte de um comportamento social considerado aceitável, e adequado até certo ponto.

“As mentiras fazem parte do comportamento do ser humano desde os primórdios, e ela foi sendo evolutivamente mantida ao longo do tempo. A mentira tem funções importantes para o ser humano, como por exemplo, se proteger de consequências, ou proteger alguém que se ama de consequências ruins, por exemplo”, explica Perin.

O especialista também destaca que mentir para nós mesmos também é algo comum de se acontecer e que isso funciona como uma espécie de válvula de escape, já que nesses casos o indivíduo pode estar passando por uma situação difícil e utiliza a mentira como um mecanismo de defesa. “A pessoa pode estar passando por uma situação muito difícil na vida e ela mentir pra si mesma pode ser um mecanismo de defesa do cérebro para lidar com aquela situação tão difícil. As mentiras podem acontecer por motivos muito variados”, complementa o psiquiatra.

Até que ponto mentir pode ser considerado “aceito”?

No entanto, existe um limite para se saber até qual ponto mentir pode ser considerado um comportamento “aceitável”.

Mentir deliberadamente pode não só trazer consequências para o cérebro humano, mas também passa a ser considerado uma patologia conhecida como mitomania.

“A mentira torna o cérebro preguiçoso e irresponsável, porque a pessoa que mente muito fica nesse comportamento infantilizado ou maldoso e aquilo acaba se tornando um hábito para ela. E o nosso cérebro é feito de hábito. Quando a pessoa mente e ela consegue o objetivo dela, ela ativa o centro de recompensa do cérebro e é como se ela tivesse ganho uma medalha ao conseguir convencer a pessoa da mentira dela.”

O que é uma pessoa mitomaníaca?

O psiquiatra ainda explica que uma pessoa mitomaníaca é aquela que geralmente tem uma personalidade muito frágil e infantil ou muito perversa. E que indivíduos que possuem diagnósticos psiquiátricos podem se tornar mitomaníacos com uma maior frequência.

“A pessoa simplesmente mente de uma forma deliberada com coisas simples ou complexas e você muitas vezes não consegue entender porque ela precisa contar aquela mentira, afinal ela não vai ter ganho nenhum, às vezes ela até pode ter um prejuízo social decorrente da mentira, mas continua fazendo o comportamento.”

Por fim, Perin destaca que existem sim diferentes tipos de mentiras e que por isso o impacto de cada uma será diferente, porém reconhecer o limite entre o legal e o ilegal é essencial.

“Existem várias mentiras e os impactos de cada mentira vão ser diferentes. Uma coisa é a pessoa, por exemplo cometer um ato ilícito mentindo e ela pode ser presa, pode ser responsabilizada por algum dano, por alguma situação ou a pessoa que fala uma mentira mais leve num relacionamento para não magoar uma outra pessoa, por exemplo. São mentiras que têm impactos diferentes e as consequências vão ser de cada tipo de mentira”, alerta o psiquiatra.