Preço para compra de uma saca de açaí chegou ao valor mais alto já registrado pelos vendedores em Belém. Com isso, a estimativa é que o litro do açaí também pode chegar a até R$ 80 nos próximos meses
Em Belém, que é a capital mais chuvosa do Brasil, os primeiros meses de todos os anos são sempre conhecidos pelas chuvas torrenciais do período do inverno amazônico. Além do volume pluviométrico, outro índice que sobe nesta época é o do preço do açaí, uma das principais iguarias consumidas na capital paraense e que tem conquistado cada vez mais os mercados nacional e internacional.
E como o açaí faz parte da alimentação de muitos belenenses, a procura pelo fruto permanece em alta mesmo com o valor elevado. Mas um vídeo que circula nas redes sociais nesta quinta-feira (15) mostra a indignação de um batedor do fruto, o qual afirma que a saca de açaí está sendo vendida a R$ 1 mil.
O registro foi feito na Feira do Açaí, no bairro do Jurunas. O local, que costuma ser frequentado por muitos batedores de açaí da capital paraense, aparece quase vazio em comparação com a movimentação habitual, diante da pouca oferta do fruto.
“Senhores, estamos aqui na Feira do Açaí, onde, pela primeira vez, eu vejo uma saca de açaí sair por mil reais. Duzentos reais a lata […] Um absurdo”, exclama o homem, que chama a atenção de outras pessoas próximas, incrédulas com o valor cobrado.
Carlos Noronha, presidente da Associação de Vendedores de Açaí de Belém (Avabel), confirma a informação e diz que o preço praticado na venda do fruto para os batedores em 2024 é o maior já registrado na história.
Ele também informa que os frutos que são colhidos e transportados para abastecer Belém não estão mais vindo somente do Pará, na região do Marajó, mas também do estado do Amapá.
“O açaí que está abastecendo Belém é o que vem gelado de Macapá e, como choveu muito naquela região nos últimos dias, isso encareceu o fruto e fez com que ele fosse vendido a este preço na Feira do Açaí”, explica.
Em geral, o açaí é vendido aos batedores em unidades de medida conhecidas como paneiros, latas, basquetas e sacas, que equivalem a pesos diferentes e variados rendimentos quando o fruto é batido. O rendimento de cada unidade de medida também depende de outros fatores, como o tipo de açaí que será vendido ao consumidor final, que pode ser popular, médio, grosso ou papa.
AÇAÍ CARO E COM MENOR QUALIDADE
Quem compra açaí todos os dias já percebeu que a polpa do fruto está mais cara e com menor qualidade. Este é um movimento comum na época da entressafra, que dura de janeiro a julho, mesma época de aumento das chuvas na região amazônica.
Em muitos pontos de venda, o litro do açaí mais em conta — e mais fino — não sai por menos de R$ 20. Já outros estabelecimentos sequer abrem neste período e os proprietários buscam outros meios para se sustentar.
Nazareno Alves, fundador e proprietário do Point do Açaí, conta que este período do ano é muito difícil para quem trabalha com a venda da polpa na capital paraense.
“Nessa época, a margem para trabalhar com açaí fica muito apertada, por isso que mais de 60% dos pontos fecham. Fecham porque não tem como ter lucro nesse período. O paneiro de açaí, comprado a mais de 120 reais, não rende quase nada, então o batedor prefere fechar o ponto dele e abrir só na safra”, comenta.
Ele também ressalta que, na entressafra de 2024, o preço do litro do açaí pode chegar a impressionantes R$ 80 do tipo grosso. “No período da safra no ano passado, a gente chegou a vender açaí médio a 14 reais. Agora tá R$ 28. Isso no início da entressafra. Ainda vai aumentar muito mais, com certeza, porque o preço do paneiro vai continuar a subir. Vai para 140, 150 e a gente vai repassando o preço. Ano passado chegamos a vender o médio a 32 reais, mas esse ano a gente tá com a certeza de que o litro do médio vai chegar aos 40 reais e o do grosso uns R$ 80”, diz.